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Distrito Federal tem 55 carros para cada 100 habitantes

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Para mudar a situação, Buriti lança programa com promessa de R$ 6,08 bilhões em investimentos até 2019

Fábio Damasceno, secretário adjunto de Mobilidade, mostra como ficará a distribuição dos modais até a implantação total do projeto, em 2019

Fábio Damasceno, secretário adjunto de Mobilidade, mostra como ficará a distribuição dos modais até a implantação total do projeto, em 2019

O Distrito Federal amarga uma combinação perversa: é o último lugar no país em quantidade de pessoas que usam o transporte público e um dos primeiros em números de carros por habitante. Segundo um levantamento da Secretaria de Mobilidade, apenas 32% da população se desloca de ônibus ou metrô, por exemplo. Em contrapartida, a proporção de veículos particulares é de 55 para cada 100 pessoas, com menos de dois moradores por carro — a frota de veículos, que atinge a marca de 1,64 milhão, praticamente dobrou nos últimos 10 anos, a despeito do espaço nas vias da região. Como resultado, brasilienses enfrentam engarrafamentos intermináveis, violência no trânsito e desrespeito ao pedestre. Segundo dados do Departamento de Trânsito (Detran-DF), 32 ciclistas morreram atropelados nas ruas da capital em 2015, 12 a mais em relação a 2014.

Os dados vieram do adjunto de Mobilidade, Fábio Damasceno, durante a apresentação do Programa Circula Brasília, na manhã de ontem, no Memorial JK. No evento, o governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), afirmou que o programa — com o objetivo de integrar metrô, VLT, BRT, ônibus, ciclovias, ciclofaixas e calçadas — deverá reverter ou amenizar o problema até 2019.  “É uma política de Estado que integra ações de gestão e de investimento em diversos modais de transportes. Nós temos em torno de R$ 1,6 bilhão fruto de financiamentos já autorizados e R$ 1,5 bi aprovados no Orçamento Geral da União (OGU). Devemos captar parte da verba com parcerias público-privadas (PPPs)”, afirmou o chefe do Executivo. O GDF tem ainda R$ 254 milhões em recursos próprios, quer levantar R$ 2,6 bi em PPPs, e precisa captar outros R$ 135 milhões.

Entre as cerca de 80 ações, 34 obras e 27 projetos previstos, o governo prometeu a aplicação de um bilhete único e recarregável para todo o sistema de transporte público e a construção de cinco estações do metrô — duas em Samambaia, duas em Ceilândia e uma próxima ao Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Além disso, o GDF deve integrar toda a região com expressos do BRT, iniciar as obras para revitalizar e melhorar o trânsito na Saída Norte, que inclui a revitalização da Ponte do Bragueto, e construir diversas ciclovias, entre elas, a da Estrada Parque Taguatinga (EPTG). “O Trevo de triagem norte é um investimento já contratado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDS), e o GDF fará ajustes para atender ao apelo dos ciclistas e para garantir a mobilidade deles”, explicou o governador. O desenho da região prioriza os carros em vez da bicicleta, fazendo com que os adeptos das duas rodas deem muitas voltas para usar a ciclovia.

Para este ano

Questionado sobre a possibilidade de suspender as licitações da gestão anterior para o transporte coletivo na capital, por conta das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes da Câmara Legislativa do DF, Rollemberg não se estendeu e disse apenas que o Buriti tem “um contrato em vigor”. O secretário da Secretaria de Mobilidade do GDF, Marcos Dantas, por sua vez, afirmou que o governo seguirá recorrendo na Justiça para garantir a qualidade do sistema de transporte da capital. Apesar disso, ele admitiu que a área “tem que melhorar”.

Dantas informou que o brasiliense terá, ainda este ano, a implementação do bilhete único, a reforma de vários terminais rodoviários e a conclusão dos estudos para otimizar as linhas de ônibus do DF. “Temos um sistema que não funciona como foi previsto no contrato. Vamos reduzir sobreposições e linhas sem nenhuma utilidade, o tempo de viagem e o tempo de espera”, afirmou.

Para a presidente da Organização não governamental (ONG) Rodas da Paz, Renata Florentino, o projeto anunciado é “positivo”. “É importante que o governo não ceda a pressões na hora de botar em prática o que anunciou”, alerta. A ativista lembra que os princípios expressos no projeto já eram garantidos pelo Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) e pela Política Nacional de Mobilidade Urbana. “A diferença vai ser daqui para frente, com o empenho do governo em tirar os projetos do papel e não priorizar o uso do automóvel. Nos dados apresentados, eles mostraram que, no DF, 40% das viagens são feitas de carro, contra 35% em São Paulo. Isso mostra que temos um desafio concreto de mudar essa cultura. Em termos de princípios, o governo está dialogando com as leis e isso é bom”, elogiou.

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