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Documentos recentes mencionam Trump no caso Epstein
Novos documentos tornados públicos nesta terça-feira (23) pelo governo dos Estados Unidos relacionados ao falecido criminoso sexual Jeffrey Epstein incluem diversas menções ao presidente Donald Trump, com relatos detalhando viagens realizadas por ele no avião particular de seu antigo amigo.
O Departamento de Justiça rapidamente emitiu uma nota em defesa do presidente de 79 anos.
“Algumas dessas informações contêm acusações infundadas e sensacionalistas contra o presidente Trump, apresentadas ao FBI pouco antes da eleição de 2020”, afirmou o departamento, sem especificar quais alegações.
Entre os novos materiais liberados estão centenas de vídeos e áudios, inclusive imagens de câmeras de segurança de agosto de 2019, data da descoberta da morte de Epstein em sua cela, conforme análise da AFP.
O Departamento de Justiça compartilhou cerca de 11.000 links para esses documentos online, porém alguns deles não direcionavam a nenhum conteúdo.
Epstein mantinha uma extensa rede de contatos influentes, incluindo Trump. O financista, ligado à elite nova-iorquina, foi condenado em 2008 por envolvimento com prostituição de menores e, no momento de seu falecimento na prisão, aguardava julgamento por suposta coordenação de tráfico sexual.
Trump, que não enfrenta acusações criminais, fez campanha em 2024 prometendo liberar o verdadeiro dossiê sobre Epstein, mas depois voltou atrás, classificando-o como uma “fraude” criada pela oposição democrata.
Contudo, a polêmica provocada pelo caso, inclusive dentro do Partido Republicano, levou Trump a sancionar uma lei que exige a liberação completa dos documentos, em meio a suspeitas de encobrimento.
Um primeiro conjunto de documentos foi divulgado na última sexta-feira, enfrentando críticas severas ao Departamento de Justiça, acusado de atrasar propositalmente a liberação e censurar menções ao presidente.
Viagens no jato particular
Trump era amigo de Epstein por vários anos, e os dois foram flagrados juntos em festas.
O empresário republicano deu versões diferentes sobre o término da amizade. Ele afirmou que se afastou após o financista ter se apropriado de jovens do spa em seu clube de golfe na Flórida e também declarou que expulsou Epstein do clube por conduta indevida.
No entanto, apesar das negações, existem diversos indícios contrariando a alegação de Trump.
Os documentos mostram, por exemplo, um memorando de janeiro de 2020 dos promotores federais de Nova York que investigavam a parceira Ghislaine Maxwell — agora presa — mencionando as frequentes viagens do presidente no jato particular do financista.
Algumas das referências são difíceis de confirmar. Uma carta manuscrita atribuída a Epstein, escrita em prisão para Larry Nassar — condenado por abusos contra atletas — acusa o “presidente” de compartilhar uma suposta atração por garotas jovens e bonitas, feita enquanto ambos estavam encarcerados.
Trump reiterou sua desaprovação à divulgação dos arquivos, dizendo que prejudicaria inocentes. “Todo mundo era amigo desse homem”, declarou aos jornalistas.
Atrasos na divulgação
O procurador-geral adjunto dos EUA, Todd Blanche, justificou o atraso na liberação dos documentos pela necessidade de proteger as identidades das mais de mil vítimas de Epstein, e negou estar protegendo Trump.
O Congresso aprovou a Lei de Transparência dos Arquivos Epstein (EFTA) quase por unanimidade, determinando a publicação total dos documentos até 15 de dezembro.
Os autores da lei, os deputados Ro Khanna (democrata) e Thomas Massie (republicano), ameaçaram mover processos por desacato contra a procuradora-geral Pam Bondi pela não observância da lei.
O material inicial divulgado inclui fotos do ex-presidente Bill Clinton e outras celebridades como Mick Jagger e Michael Jackson, também associados a Epstein.
Clinton solicitou ao Departamento de Justiça que tornasse públicos quaisquer materiais relacionados a ele, afirmando não possuir nada a esconder.
Ghislaine Maxwell, ex-companheira e colaboradora de Epstein, foi julgada e condenada a 20 anos de prisão em 2022, sendo a única pessoa punida até o momento nesse caso.


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