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Economia

Dólar a R$ 5,14: saiba se é hora de comprar

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Queda da moeda norte-americana marca o movimento de retorno a ativos mais arriscados por investidores. Para quem tem viagem marcada, vale a pena comprar dólar de forma fracionada todo mês e diluir riscos.

Casa de câmbi — Foto: Ricardo Moraes/Reuters

O dólar terminou esta quinta-feira (3) cotado a R$ 5,14, menor valor desde 22 de julho. Com uma queda tão representativa, será que é hora de aproveitar o momento para comprar ou investir na moeda norte-americana?

O último boletim Focus, do Banco Central, prevê o câmbio em R$ 5,36 ao fim de 2020 e em R$ 5,20 em 2021. Por essa lógica, parece instintivo pensar que o preço está mais baixo e que vale a pena fazer a compra. Mas a decisão varia se é o caso de investir ou fazer câmbio para viagens.

Para investidores

Analistas de mercado alertam que a cotação do dólar é resultado da entrada e saída da moeda na economia. Em momentos de maior estabilidade, é natural que o dólar sofra quedas, mas é difícil prever os fluxos mesmo para os times de análise experientes e que trabalham com essa medição diariamente.

“O investidor precisa entender que o dólar é uma reserva de valor, uma moeda forte, que nos momentos de tensão que podem acontecer acaba protegendo parte da sua carteira”, diz Lucas Collazo, analista de investimentos da Rico Corretora. “E quando os investidores estão mais dispostos a tomar risco, as bolsas globais acabam subindo e dólar recua.”

Collazo explica que o dólar é um termômetro de risco para os mercados. Quando investidores estão mais temerosos com cenário econômico, buscam mais ativos em dólar para se proteger da volatilidade. O cenário de hoje marca o movimento de retorno a ativos mais arriscados, buscando mercados que ficaram para trás, empresas que estão com preços descontados nas bolsas de valores durante a crise.

O fenômeno acontece porque as incertezas na economia estão diminuindo. As eleições americanas foram concluídas, as vacinas tiveram resultados positivos — e foram anunciadas campanhas de vacinação em países como o Reino Unido — e a segunda onda de coronavírus não produziu os mesmos impactos à economia que a anterior.

“Países emergentes ficaram descontados pelas dúvidas de como se sairiam, então tivemos entrada massiva no último mês”, diz.

Segundo o Instituto Internacional de Finanças (IIF), os fluxos de portfólio para os emergentes ficaram positivos em US$ 76,5 bilhões em novembro, bem acima dos US$ 23,5 bilhões de outubro. Do total de novembro, os mercados de ações tiveram entrada de US$ 39,8 bilhões, enquanto em dívida o saldo ficou positivo em US$ 36,7 bilhões.

Uma reversão de cenário ou ampliação dos riscos, contudo, pode reverter essa onda. O Brasil passa por problemas fiscais e a visibilidade de reação ainda é uma incerteza considerável que pode impactar o valor do real comparado à moeda americana.

Para turistas

Quem tem viagem marcada nos próximos meses para o exterior, pode aproveitar a queda do dólar para gastar menos durante a estadia fora do país. Quitar a viagem também pode valer a pena.

Comprar dólares em grandes levas para aproveitar a cotação, contudo, não costuma ser vantajoso, alerta Virginia Prestes, professora de finanças da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).

“Quem tem viagem marcada até o início do ano que vem pode comprar dólares porque não deve correr risco de perder dinheiro. Para viagens mais distantes, no entanto, o ideal é comprar de forma fracionada mensalmente para diluir a variação da moeda”, disse ela.

Na avaliação da professora, o dólar turismo não deve sofrer uma alta muito forte a partir de agora, principalmente por conta da eleição de Joe Biden, que por ser Democrata, costuma ser mais aberto ao mercado externo.

“A cotação da moeda norte-americana deve ficar moderada com viés de queda. No entanto, o dólar é muito difícil de prever. Quem manda são os EUA”, ponderou.

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