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Dólar cai 0,26% a R$ 5,55 com ajuste e alta do petróleo

Após oscilações e mudança de sinal, o dólar estabilizou em queda nas últimas horas do pregão e fechou a sessão desta quinta-feira (17) cotado a R$ 5,5472, uma baixa de 0,26%. Durante a manhã, a moeda americana chegou a ultrapassar R$ 5,60, refletindo seu fortalecimento no mercado internacional.
Especialistas afirmam que não há fatores decisivos para grandes movimentos na taxa de câmbio, após o dólar subir do piso de R$ 5,40 no início do mês para cerca de R$ 5,55, um aumento superior a 2%. Recentemente, investidores aproveitaram as tensões comerciais crescentes, provocadas pelo aumento tarifário de Trump, para realizar ganhos e ajustar suas posições defensivas.
As mínimas observadas na moeda durante a tarde são atribuídas a ajustes em um cenário de liquidez reduzida. O avanço dos preços do petróleo e a melhora do apetite pelo risco, refletidos nas máximas das bolsas em Nova York e na recuperação do Ibovespa, podem ter beneficiado o real. O contrato futuro de dólar para agosto apresentou baixo volume financeiro, abaixo de US$ 10 bilhões.
A decisão recente do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de restabelecer o decreto do governo que aumenta as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), exceto para o risco sacado, não teve impacto significativo nas negociações.
O economista-chefe do Integral Group, Daniel Miraglia, comenta que o nível atual da taxa de câmbio reflete a expectativa de que o presidente Trump possa reduzir as barreiras tarifárias e que, mesmo com a efetivação da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, os efeitos econômicos serão limitados.
“Após a correção nas últimas semanas, o dólar mostra-se mais estável porque não há uma deterioração significativa da economia causada pelas tarifas. A atratividade do carry trade continua sendo um fator importante para manter o real nos níveis atuais”, destaca Miraglia.
Investidores também acompanharam as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a tarde. Em entrevista à CNN Internacional, ele afirmou que “no momento oportuno” responderá adequadamente a Trump. Em evento em Goiânia (GO), o presidente declarou que o governo pretende tributar empresas digitais americanas, embora não tenha detalhado as medidas. Lula deve fazer um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão hoje às 20h30.
Miraglia avalia que pode haver maior tensão com os Estados Unidos caso Lula intensifique as críticas a Trump. O economista lembra que o presidente dos EUA manifestou preocupação com restrições à liberdade de expressão para cidadãos americanos e o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no STF, temas que não estão ligados às questões comerciais.
“Consoante ao comportamento das instituições brasileiras, é possível que Trump imponha sanções mais severas ao Brasil, inclusive direcionadas a indivíduos. Este risco, na minha visão, não está bem avaliado na taxa de câmbio”, comenta Miraglia.
O índice DXY (Dollar Index), que mede o desempenho do dólar contra uma cesta de seis moedas fortes, operou em alta durante a sessão, com avanços de cerca de 0,20%, atingindo aproximadamente 98.600 pontos após máxima de 98.950 pontos. As vendas no varejo dos EUA cresceram 0,6% em junho na comparação com maio, superando as expectativas dos analistas. No entanto, especialistas interpretam os dados como indicativo de uma possível desaceleração no consumo.
Na parte da tarde, a presidente do Federal Reserve de São Francisco, Mary Daly, considerou “razoável” a possibilidade de ocorrerem dois cortes nas taxas de juros ainda este ano. Por outro lado, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, avaliou que cortes nas taxas podem ser “difíceis no curto prazo” devido às incertezas relacionadas às tarifas impostas por Trump.
Ferramentas de monitoramento do CME Group indicam que as chances de um corte nas taxas de juros pelo Fed em setembro ainda são majoritárias, mas diminuíram de 65% para pouco mais de 52% nesta quinta-feira.

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