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Economia

dólar cai e fecha em R$ 5,41 com menor medo de risco e alta do petróleo

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O dólar apresentou queda ao longo da tarde no mercado brasileiro, acompanhando a tendência da moeda americana no cenário internacional, encerrando o dia desta quarta-feira, 27, com leve baixa, por volta de R$ 5,41. O aumento do preço do petróleo e o ingresso de capital estrangeiro foram apontados como fatores que favoreceram a valorização do real, conforme relato de operadores.

Apesar da agenda econômica cheia no Brasil, o foco principal esteve nos desentendimentos entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA. Prevê-se uma disputa judicial relacionada à tentativa de Trump de destituir Lisa Cook da diretoria do Fed.

Este ambiente de aumento do risco financeiro fez com que a curva de juros americana aumentasse, impulsionando o dólar na manhã, tanto frente às moedas fortes quanto às emergentes. No Brasil, o dólar à vista subiu e chegou a superar R$ 5,45, atingindo máxima de R$ 5,4580.

Sem um evento específico para justificar, parte do estresse financeiro diminuiu posteriormente. A taxa dos títulos americanos de 30 anos (T-bond) virou para o lado negativo e o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes, estabilizou-se.

No mercado brasileiro, o dólar reverteu a tendência e passou a operar em queda durante a tarde. Após atingir o menor valor de R$ 5,4151, fechou em baixa de 0,32%, a R$ 5,4170. Considerando o mês de agosto, a moeda apresenta queda de 3,28%, e de 12,35% no acumulado do ano.

O economista André Perfeito observa que existe um suporte gráfico por volta dos R$ 5,30 e que o dólar tende a aumentar ao se aproximar desse valor. Contudo, ele projeta que esse piso seja rompido nos próximos meses.

Segundo a análise de Perfeito, o real deve continuar a se valorizar já que a tendência global do dólar é de enfraquecimento, motivada pela necessidade dos Estados Unidos ajustarem suas contas externas. Além disso, espera-se que o Fed adote em breve uma política monetária mais flexível.

“O Banco Central brasileiro está sendo muito cauteloso ao anunciar cortes na taxa de juros, mantendo assim uma diferença favorável que beneficia o Brasil”, destaca Perfeito.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a economia demonstra resiliência, mas reconheceu sinais de que a política monetária está influenciando a atividade econômica por meio do crédito. Ele também afirmou que a taxa Selic deve permanecer em nível restritivo por um período prolongado para controlar a inflação.

Dados recentes sobre crédito e mercado de trabalho indicam uma desaceleração da economia. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram criadas 129.775 vagas em julho, número inferior à mediana das projeções, que era de 135 mil.

Embora haja saída de recursos, o real se valoriza, sugerindo que investidores estão desmontando posições defensivas no mercado de derivativos. As taxas de juros elevadas tornam caro manter posições na moeda americana.

À tarde, o Banco Central informou que o fluxo cambial em agosto até o dia 22 está negativo em US$ 1,833 bilhão, devido à retirada líquida de US$ 1,814 bilhão pelo canal financeiro. No acumulado do ano, o saldo também é negativo em US$ 16,674 bilhões.

O departamento econômico do Itaú Unibanco avalia que as contas externas representam um desafio para a economia brasileira, considerando que o déficit em transações correntes alcançou 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos 12 meses encerrados em julho.

Em entrevista em São Paulo, a economista Julia Gottlieb explicou que se o déficit em conta corrente fosse menor, o câmbio estaria ainda mais valorizado, abaixo do intervalo projetado pelo banco entre R$ 5,40 e R$ 5,50 para o fim de 2025 e 2026.

Levando em conta exclusivamente o enfraquecimento global do dólar e a diferença nas taxas de juros entre Brasil e Estados Unidos, a moeda brasileira poderia variar entre R$ 5,20 e R$ 5,38, segundo a economista.

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