Economia
Dólar cai para R$ 5,35 e atinge menor valor desde junho de 2024

O dólar apresentou queda significativa nesta sexta-feira, 12, fechando no nível mais baixo desde o início de junho de 2024. Apesar da alta da moeda americana no exterior, o real se destacou positivamente, exibindo o melhor desempenho entre as principais moedas.
Além do possível apetite por investimentos externos, impulsionado pela expectativa de cortes na taxa de juros dos Estados Unidos na próxima semana, o real foi beneficiado por uma redução nos prêmios de risco cambial.
Investidores estão desfazendo posições defensivas após o governo dos EUA, sob a administração do presidente Donald Trump, não impor novas sanções ao Brasil após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Outro fator que contribuiu para a queda do dólar foi a possível união das forças políticas de direita em torno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, candidato potencial para as eleições presidenciais de 2026. Até o momento, Tarcísio não criticou a decisão do STF nem apoiou anistia a Bolsonaro, diminuindo receios de conflito com a Suprema Corte.
O dólar à vista atingiu um valor mínimo de R$ 5,3452 no início da tarde, encerrando o dia em R$ 5,3541, com queda de 0,71%. Esse é o menor fechamento desde 7 de junho de 2024 (R$ 5,3247). Na semana, a moeda perdeu 1,08%, enquanto em setembro registrou queda de 1,25%. No acumulado do ano, o dólar recuou 13,37% em relação ao real, que lidera a valorização entre as moedas latino-americanas.
O economista sênior do Banco Inter, André Valério, destaca que o real está entre as poucas moedas emergentes a se valorizar nesta sexta-feira. Ele atribui esse movimento à maior atratividade do carry trade combinado com as expectativas eleitorais para 2026.
“A condenação do ex-presidente Bolsonaro pelo STF esclarece o cenário eleitoral, fortalecendo a candidatura potencial de Tarcísio, vista positivamente pelo mercado”, afirma Valério. Ele também prevê continuação da valorização do real, apontando o corte de 25 pontos-base nas taxas de juros pelo Fed na próxima quarta-feira e a expectativa de novos cortes, o que favorece posições em carry trade com o real.
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, chama atenção para o possível impacto do leilão de linha do Banco Central realizado nesta sexta na dinâmica cambial local.
“A rolagem da linha teve efeito, pois havia relatos de pressão sobre o dólar pronto. Se a questão eleitoral fosse o principal motor, a bolsa e os juros futuros também refletiriam esse desempenho”, comenta Borsoi.
Pela manhã, o Banco Central ofereceu integralmente US$ 1 bilhão em leilão de linha para rolar o vencimento de 2 de outubro, com apenas uma proposta aceita. A operação de recompra será liquidada em 3 de março de 2026.
No mercado externo, o Índice Dólar (DXY) teve leve alta, operando próximo de 97,642 no final da tarde. A semana, marcada por dados de inflação nos EUA, terminou com uma pequena queda do Dollar Index.
Enquanto isso, as principais moedas emergentes próximas ao real operaram em queda, exceto o peso mexicano, que subiu pouco mais de 0,10%.
Espera-se que o dólar continue fraquejando com o início, na próxima quarta-feira, 17, do ciclo de cortes de juros do Federal Reserve (Fed).
Entretanto, analistas alertam que a queda provavelmente será menos acentuada que até agora, já que o Dollar Index recuou cerca de 10% no ano.

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