Economia
Dólar recua após alta de juros no Brasil e corte pelo Fed na véspera; Ibovespa cai
Na noite de quarta-feira (18), o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa básica de juros a 10,75% ao ano
O dólar recuava frente ao real nesta quinta-feira (19), com investidores reagindo à confirmação na véspera do aumento do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, após alta na Selic e um corte grande na taxa do Federal Reserve.
Às 11h35, o dólar à vista caía 0,64%, a R$ 5,4264 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,77%, a R$ 5,420 na venda.
No mesmo horário, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, caía 0,21%, a 133.470,60 pontos.
Alta na Selic
Na noite de quarta-feira (18), após o fechamento dos mercados, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa básica de juros em 25 pontos-base, a 10,75% ao ano, em decisão unânime de sua diretoria, que passou a ver um cenário com risco mais elevado de alta da inflação à frente e sugerindo também um possível superaquecimento da economia brasileira.
A primeira alta de juros em pouco mais de dois anos veio após autoridades do BC terem chamado atenção em semanas recentes para a força da atividade econômica e afirmado que o aperto nos juros era uma possibilidade.
O anúncio por si só já seria, em tese, positivo para o real, pois uma Selic mais alta torna a moeda brasileira mais interessante para operações de “carry trade”, em que investidores tomam dinheiro emprestado em países de juros baixos e investem em locais com taxas mais elevadas.
Decisão do Fed nos EUA
O efeito da decisão do Copom ainda foi complementado pelo movimento divergente do banco central dos EUA, que reduziu sua taxa de juros em 50 pontos-base, iniciando um novo ciclo de afrouxamento monetário, à medida que as autoridades demonstram maior preocupação com o esfriamento do mercado de trabalho.
Segundo o chair do banco central dos EUA, Jerome Powell, a “decisão reflete nossa crescente confiança de que, com uma adequada recomposição da postura de nossa política monetária, a força do mercado de trabalho pode ser mantida em um contexto de crescimento moderado e a inflação se movendo de forma sustentável para 2%.”
Com investidores analisando a decisão do Fed e na espera do anúncio do Copom na sessão anterior, o dólar à vista já havia fechado na quarta-feira (18) em baixa de 0,48%, cotado a R$ 5,4601.
Os impactos do afrouxamento do Fed também podiam ser observados em outros mercados de câmbio, com o dólar recuando ante a maioria de seus pares fortes e emergentes.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,12%, a 100,900.
A moeda norte-americana ainda perdia contra o peso mexicano e o rand sul-africano.
A perspectiva futura é ainda mais positiva para os pares da moeda norte-americana, incluindo o real.
Operadores apostam que o Fed cortará os juros em mais 71 pontos-base até o fim deste ano, com mais reduções previstas para o próximo ano, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.
Ciclo de alta de juros no Brasil
No Brasil, o mercado vê mais altas de juros em 2024, com 81% de chance de um aumento de 50 pontos-base na Selic na próxima reunião do Copom, em novembro.
“Acredito que nesta manhã estejamos vendo uma abertura de mercado que me parece condizente com o que vai ser o ritmo até o fim do ano”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
“Estou otimista com essa janela final para 2024, é um contexto que me parece promissor.”
* Com informações de Reuters
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