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Dólar sobe 1,22% e alcança R$ 5,50 com tensões entre Brasil e EUA após decisão de Dino
O dólar intensificou sua alta durante a tarde, acompanhando a queda do Ibovespa, e chegou ao patamar de R$ 5,50. Com máximo de R$ 5,5059, encerrou o pregão com valorização de 1,22%, a R$ 5,5009 – o maior fechamento desde o dia 5 do mês passado.
Investidores venderam ações de grandes bancos na Bolsa e buscaram posições cambiais mais seguras devido ao receio pelo aumento das tensões entre Brasil e Estados Unidos. Isso ocorreu em função das dúvidas geradas pela decisão de segunda-feira do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), acerca da aplicação de leis estrangeiras no Brasil.
Há rumores de que a pesquisa Genial/Quaest, a ser divulgada na quarta-feira, mostrará uma melhora na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que impulsionou ainda mais o dólar na segunda parte do dia. Na quinta-feira (21) será divulgado um levantamento sobre a eleição presidencial de 2026.
Embora moedas de países emergentes e exportadores de commodities tenham recuado, num dia de queda do petróleo e minério de ferro, o real foi o que mais perdeu valor frente ao dólar.
“O real apresentou a melhor performance entre as moedas emergentes desde o fim de julho e agora está cedendo um pouco com a escalada da crise envolvendo tarifas e política externa”, explica o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt.
Ao analisar uma decisão da Justiça do Reino Unido sobre indenizações às vítimas dos desastres em Mariana e Brumadinho (MG), Dino afirmou que ordens judiciais estrangeiras só têm validade após homologação pela Justiça brasileira.
Embora a decisão tenha sido motivada por um caso específico, ela protege os cidadãos brasileiros dos efeitos da Lei Magnitsky, aplicada pelo governo americano para sancionar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, acusado por Donald Trump de promover perseguição no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em despacho no início da tarde, o ministro Flávio Dino reforçou que não há aplicação automática de leis estrangeiras em território nacional.
Fontes ouvidas pela Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, indicaram que a decisão provocou dúvidas e apreensão no setor bancário, que está buscando auxílio jurídico exterior. Os bancos podem ser sancionados pelos EUA se não impuserem restrições a Moraes com base na Lei Magnitsky, mas podem violar a legislação brasileira se o fizerem.
“Os bancos nacionais estão em uma situação delicada, pois mantêm relações e utilizam serviços de bancos e grandes companhias americanas”, comenta Weigt, ressaltando que o aumento da percepção de risco tende a afastar investidores estrangeiros do mercado brasileiro, impactando o real.
Ministros do STF teriam sido aconselhados por instituições financeiras públicas e privadas a transferir seus recursos para cooperativas de crédito, mas recusaram a sugestão por entenderem que isso representaria uma capitulação do Brasil e do próprio STF, segundo reportagem da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
No cenário internacional, o índice DXY (Dollar Index), que avalia o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, apresentava leve alta no fim da tarde, pouco acima de 98,200 pontos. O índice recua mais de 1,70% em agosto e cerca de 9% no ano.
Com uma agenda econômica tranquila nesta terça-feira, os investidores fizeram ajustes de posições aguardando a divulgação na quarta-feira da ata do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, e o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, na sexta-feira, 22.
Quanto aos indicadores, o Departamento do Comércio dos EUA informou que as construções de novas moradias cresceram 5,2% em julho, muito acima do esperado (0,3%). Contudo, as permissões para construção de novas casas caíram 2,8% no mesmo período.

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