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Economia

Dólar sobe com medo de sanções dos EUA após julgamento de Bolsonaro

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O dólar teve alta nesta terça-feira, 9, encerrando o dia acima de R$ 5,43, mesmo com uma leve queda frente a moedas latino-americanas, em meio ao aumento do preço do minério de ferro e do petróleo.

Especialistas apontam que o mercado interno está cauteloso devido às incertezas sobre as consequências do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

Com baixa liquidez e variação de menos de três centavos (mínima de R$ 5,4151 e máxima de R$ 5,4394), o dólar subiu 0,35%, chegando a R$ 5,4363. Depois de registrar queda de 3,19% em agosto, a moeda americana avança 0,26% em setembro e apresenta perda de 12,04% no acumulado do ano.

Para o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, há receio de que o governo dos Estados Unidos imponha novas sanções ao Brasil caso Bolsonaro seja condenado.

Ele destaca que a reunião virtual do Brics, convocada na segunda-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aumentou os temores de retaliação americana, deixando os investidores mais cautelosos.

“O mercado claramente busca proteção, o que mantém o dólar acima de R$ 5,40. A liquidez reduzida indica pouca disposição para assumir riscos”, explica Galhardo.

O relator da ação, ministro Alexandre de Moraes, votou pela condenação de Bolsonaro e de outros sete acusados, incluindo o general Braga Neto e o delator Mario Cid, ex-assessor do Planalto. O ministro Flávio Dino seguiu o voto de Moraes. O julgamento continua na quarta-feira a partir das 9 horas.

Questionada sobre possíveis novas sanções, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que não há ações adicionais previstas no momento, porém ressaltou que os EUA não hesitam em usar seu poder econômico e militar para defender a liberdade de expressão globalmente.

“O mercado doméstico pode se comportar de forma diferente do exterior esta semana, não tanto pelo julgamento em si, que não deve trazer surpresas, mas pelo receio de sanções adicionais do governo Trump”, comenta a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, que lembra que a taxa Selic elevada mantém o carry trade atrativo e limita a desvalorização do real.

No cenário internacional, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes, registrou alta moderada nesta terça, recuperando perdas recentes, apesar da revisão para baixo do número de empregos criados nos EUA. No fechamento, o índice subiu 0,35%, alcançando 97,813 pontos.

O Departamento do Trabalho revisou para baixo, em 911 mil, a projeção de vagas criadas até 2025. Em seguida, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, criticou o Federal Reserve (Fed), concordando com o presidente Trump ao afirmar que o banco central está limitando o crescimento por causa das altas taxas de juros.

Investidores aguardam divulgados próximos dados de inflação no atacado e ao consumidor para ajustar suas expectativas quanto a cortes nas taxas de juros. O mercado já prevê uma redução da taxa básica pelo Fed em 17 de setembro, de pelo menos 25 pontos-base.

Veronese projeta três cortes consecutivos de 25 pontos-base pelo Fed este ano e destaca indicadores que apontam para uma desaceleração econômica nos Estados Unidos.

“Em geral, a tendência global é de dólar mais fraco, impulsionada pelos cortes de juros do Fed e pela política econômica do governo Trump. No curto prazo, a cotação do dólar aqui estará mais influenciada pela possibilidade de novas sanções americanas”, conclui a economista.

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