Economia
Dólar sobe e ultrapassa R$ 5,30 com influência externa

Após estabilidade durante a tarde, o dólar à vista avançou na reta final do pregão desta quinta-feira, 18, fechando com alta moderada próxima de R$ 5,32.
Operadores apontam que fluxos pontuais, ajustes nas posições futuras e a valorização do dólar frente a outras moedas emergentes impactaram o mercado local. Apesar disso, o real perdeu menos do que outras moedas latino-americanas e as principais moedas globais.
A expectativa é de que o aumento do diferencial entre os juros internos e externos nos próximos meses possa fortalecer a moeda brasileira ou, no mínimo, limitar uma queda significativa, mesmo diante de cenários externos negativos.
Na quarta-feira marcada por decisões importantes, o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou que a taxa Selic permanecerá em 15% até o final do ano, enquanto o Federal Reserve sinalizou possibilidade de novos cortes nos juros em 2025, após redução recente.
O dólar, que abriu na mínima de R$ 5,2702 e chegou a R$ 5,3201 no fechamento, registrou alta de 0,34%, encerrando a 5,3191. Apesar do avanço nesta sessão, a moeda termina a semana em queda de 0,65%, com perdas de 1,90% no mês e 13,93% no ano.
Andrea Damico, economista-chefe da Buysidebrazil, destaca que o real teve desempenho superior a outras moedas emergentes, em um dia de fortalecimento global do dólar.
“Isso se deve principalmente à postura firme do Copom, que manteve a projeção de inflação sem revisões para baixo”, comenta Damico, ressaltando que a recente valorização do real possibilita um ajustamento das estimativas do Banco Central.
Contrariando expectativas, o Banco Central manteve a previsão de inflação para o primeiro trimestre de 2027 em 3,4%, acima da meta central de 3%. O Copom também minimizou melhorias nas expectativas inflacionárias e sinais de desaceleração econômica que apontavam para possível redução nos juros ainda este ano.
A perspectiva de aumento do diferencial entre juros internos e externos, com a Selic em 15% até dezembro e cortes pelo Fed, deve fortalecer o real no curto prazo, segundo Damico.
“O dólar deveria subir 0,50% a 0,60% em relação ao real, considerando a força do índice DXY, mas por aqui a moeda oscilou quase sem variação”, explica a economista.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar contra uma cesta de seis moedas fortes, ultrapassou os 97.000 pontos, alcançando cerca de 97.400 no fim da tarde, alta de aproximadamente 0,55%. No entanto, o índice registra queda semanal e mensal.
As taxas dos títulos do Tesouro americano subiram após queda inesperada nos pedidos de seguro-desemprego, impactando negativamente as moedas emergentes, com exceção do rand sul-africano que teve leve alta frente ao dólar.
O economista André Perfeito aponta que o mercado segue disputando a resistência dos R$ 5,30, um patamar que parece difícil de ser superado atualmente. Porém, ele acredita que a postura do Copom pode favorecer o Brasil, valorizando o real.
“Tenho a convicção de que o dólar vai desvalorizar frente ao real e permanecer abaixo dos R$ 5,30”, afirma Perfeito. Ele também alerta que esse cenário pode mudar caso o Banco Central dê indícios de que cortará juros futuramente.

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