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Durigan: EUA não têm motivo econômico para cobrar tarifas do Brasil

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, declarou nesta terça-feira, 26, que, embora surpreenda e entristeça as atitudes unilaterais dos Estados Unidos no comércio exterior, o governo brasileiro está trabalhando em diversas frentes para abrir um canal de diálogo racional e criar uma agenda de negociações com os americanos.
De acordo com Durigan, que participou remotamente representando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em evento organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pelo Council of the Americas, existem forças internas que vão contra os interesses nacionais e dificultam as tentativas de negociação com os EUA.
“O que temos enfatizado, tanto o presidente Lula quanto o vice-presidente Alckmin, é que não há bases econômicas para essas medidas”, declarou Durigan, referindo-se ao aumento tarifário.
O secretário-executivo destacou que, nos últimos 15 anos, o Brasil acumulou um déficit de aproximadamente US$ 90 bilhões na balança comercial de bens com os EUA, o que equivale a cerca de R$ 500 bilhões ao câmbio atual de R$ 5,50. Na balança de serviços, menos comentada, o déficit brasileiro é de quase US$ 40 bilhões, algo em torno de R$ 220 bilhões.
“Neste período, enviamos aos Estados Unidos cerca de R$ 720 bilhões, o que representa aproximadamente 6% do nosso PIB atualizado”, enfatizou Durigan. Ele ressaltou que, ao contrário do aumento tarifário para a China, que foi justificado por um elevado déficit comercial, o Brasil tem um papel oposto: é deficitário em relação aos EUA.
O secretário lembrou os 200 anos de parceria entre Brasil e EUA e classificou o aumento tarifário como uma afronta ao respeito e à tradição diplomática entre os países.
Ele frisou que não faz sentido prejudicar os empresários que apostam no Brasil, sejam brasileiros ou estrangeiros, inclusive norte-americanos com negócios no país.
Diversificação dos Mercados
Durigan também comentou que a estratégia de diversificação de mercados tem gerado efeitos positivos para o Brasil. No início dos anos 2000, 50% das exportações brasileiras destinavam-se aos Estados Unidos. Atualmente, essa participação está equilibrada entre EUA, China e União Europeia.
O equilíbrio é uma marca que o governo Lula deseja estender à área fiscal.
Ele mencionou que, desde o Plano Real até 2014, o Brasil mantinha um bom equilíbrio entre receitas e despesas, com superávits e reservas, especialmente nos mandatos do presidente Lula.
No entanto, após a crise de 2014, essa situação se inverteu, com aumento das despesas superiores às receitas e queda na arrecadação, resultando em déficits primários que têm custo elevado para o país.
O governo Lula 3, especialmente por meio do Ministério da Fazenda, está focado em reconstruir e retomar o desenvolvimento econômico, com geração de empregos e combate à fome, visando, já no próximo ano, iniciar um superávit primário e promover a pacificação e coesão social do país.

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