Notícias Recentes
Edinho Silva é eleito novo presidente nacional do PT

Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara, foi eleito na última segunda-feira como o novo presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT). Com uma vantagem significativa de votos, sua vitória é praticamente garantida, conforme avaliação do atual líder do partido, senador Humberto Costa (PE).
A eleição aconteceu mesmo com o diretório do estado de Minas Gerais não tendo realizado votação, devido a um conflito judicial entre as chapas concorrentes, adiando a participação do terceiro maior colégio eleitoral da legenda.
A ascensão de Edinho Silva consolida o fortalecimento de uma facção mais aberta a alianças amplas, incluindo partidos de centro e centro-direita, uma estratégia que também é refletida nas decisões dos diretórios estaduais.
Conheça Edinho Silva
Iniciando sua jornada política no movimento estudantil, Edinho Silva se destacou como liderança no interior de São Paulo. Atuou como deputado estadual por dois mandatos e, em 2005, assumiu a presidência do PT paulista. Ganhou projeção nacional ao ser tesoureiro da campanha da ex-presidenta Dilma Rousseff em 2014 e, posteriormente, ministro da Secretaria de Comunicação Social durante o governo dela, até o impeachment em 2016.
Em Araraquara, onde foi eleito e reeleito prefeito, adotou medidas rígidas no combate à Covid-19, chegando a confrontar lideranças nacionais, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Reconhecido por seu perfil conciliador, Edinho Silva é visto como uma figura capaz de construir alianças para o pleito de 2026 e liderar uma nova fase do PT, que busca ampliar seu leque de apoios e reposicionar-se diante dos desafios eleitorais futuros. Sua eleição é interpretada como um fortalecimento da linha política mais aberta a acordos com o centro, alinhada ao núcleo do Palácio do Planalto.
A candidatura de Edinho foi idealizada desde o ano anterior, com o envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Partidos como PP e União Brasil, que formarão uma federação e indicaram titulares em ministérios, vêm demonstrando distanciamento do governo e aproximação ao campo bolsonarista para as eleições do próximo ano.
Entretanto, após a derrubada pelo Congresso do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), houve uma mudança na postura do governo e do PT, que passaram a defender a taxação dos super-ricos nas redes sociais, numa tentativa de se posicionar contrariamente ao Parlamento.
Abertura para o diálogo
Edinho Silva reconhece a existência de um desarranjo institucional no país e defende que não é equivocado que o governo manifeste suas posições. Contudo, ele continua a incentivar o diálogo com parcela do eleitorado que não apoiou Lula em 2022.
— Não considero contraditório ao diálogo a reação do governo diante da imposição de uma derrota pelo Congresso. Quando um projeto é colocado em votação sem diálogo, o governo não tem outra opção senão reagir, afirmou.
Durante os sete anos em que esteve à frente do PT (2017-2025), a ex-presidente do partido, a ministra Gleisi Hoffmann, marcou uma fase combativa, tendo comandado o partido no período da prisão de Lula e durante o governo de Jair Bolsonaro.
Aliados veem uma mudança de estilo com Edinho Silva, que mantinha bom relacionamento com o então governador paulista João Doria (PSDB), que é um opositor declarado do PT.
A primeira tarefa do novo presidente será a organização dos palanques estaduais para a campanha de reeleição de Lula. Esse trabalho visa compensar o afastamento de alas importantes no Centrão.
Espera-se que os acordos regionais possibilitem, pelo menos, a neutralidade de siglas como PSD e MDB em âmbito federal, com alianças previstas com o governador Renan Filho (MDB) em Alagoas e o prefeito Eduardo Paes (PSD) no Rio de Janeiro.
Edinho Silva também protagonizou um confronto público com Gleisi Hoffmann sobre a polarização política. Ele acredita que o partido e o governo devem atuar para diminuir as tensões políticas, enquanto a ministra prefere a confrontação.
Após a vitória de Lula em 2022, Edinho chegou a sugerir que o petista posasse para uma foto com Bolsonaro.
Com o novo comando, espera-se que o PT se alinhe mais estreitamente com o Planalto. No período da gestão de Gleisi, o partido fez críticas às políticas econômicas implementadas pelo então ministro da Fazenda Fernando Haddad. Edinho Silva é aliado do chefe da equipe econômica.
— Essa será uma gestão mais alinhada com o governo do que a de Gleisi. Pela experiência dele como prefeito e presidente do PT paulista, ele saberá ouvir o partido para preparar a campanha de reeleição de Lula, declarou o deputado Jilmar Tatto (SP), secretário de comunicação do PT.
No entanto, essa postura poderá desagradar a ala mais à esquerda do partido, que defende maior independência do governo. Essa é uma das principais diferenças entre Edinho Silva e seus três adversários na disputa: o deputado federal e ex-presidente do PT Rui Falcão (SP), o atual secretário de relações internacionais Romênio Pereira e o historiador Valter Pomar, membro do diretório nacional.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login