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Editora comenta reação a livro de orixá em escola: Racismo religioso
Editora Quatro Cantos se manifestou nesta segunda-feira (17/11) sobre o episódio em que o pai de uma criança chamou a Polícia Militar após perceber que a filha desenhou a orixá Iansã durante uma atividade na Escola Municipal de Educação Infantil Antônio Bento, localizada no bairro do Caxingui, em São Paulo. O desenho foi inspirado no livro Ciranda em Aruanda, publicado por essa editora.
Em publicação nas redes sociais, a editora compartilhou reportagem do Metrópoles e destacou sua crença em um futuro no qual o racismo, incluindo o religioso, não faça parte da sociedade.
Na nota, ressaltaram que nas escolas se estuda diversas culturas, suas geografias, economias, religiões, e que nunca houve objeção aos estudos sobre mitologia grega, cristianismo ou protestantismo. Segundo a editora, o preconceito direcionado a religiões de origem africana corresponde a um fenômeno de racismo religioso.
O documento também ressaltou que obras como Ciranda em Aruanda são essenciais para combater o preconceito.
A editora destacou a importância da lei federal nº 10.639, que obriga a inclusão da história e cultura afro-brasileira no currículo escolar. Baseando-se nessa legislação, o livro foi utilizado por uma professora para leitura na instituição, e faz parte do acervo oficial da rede municipal.
Resumo do Caso
Ciranda em Aruanda é um livro infantil que apresenta ilustrações de dez orixás, descrevendo suas características com breves textos. Um exemplo é Oxóssi, retratado como o grande protetor da floresta. As crianças fizeram desenhos baseados nessas histórias.
O conflito iniciou quando um pai chamou a Polícia Militar após descobrir que sua filha, de quatro anos, havia desenhado a orixá Iansã. O episódio ocorreu na tarde de quarta-feira (12/11).
No dia anterior, o pai já havia demonstrado descontentamento com a atividade, que faz parte do currículo antirracista da rede municipal, chegando inclusive a rasgar um mural com desenhos das crianças na escola, conforme relato de uma mãe.
No dia seguinte, quatro policiais armados entraram na escola após denúncia do pai. Um dos policiais portava uma metralhadora. Eles alegaram que a atividade configurava ensino religioso, obrigando a criança a seguir uma religião diferente da de sua família, abordagem considerada hostil por testemunhas.
A direção da escola esclareceu que o desenho fazia parte de uma atividade pedagógica baseada em um livro infantil e que o conteúdo não tinha caráter doutrinário, fundamentando-se nas leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08, que regulam o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena.
Apesar disso, os policiais permaneceram no local por mais de uma hora. Uma mãe presente classificou a ação policial como abuso de poder, causando medo nas crianças e funcionários. A situação afetou a diretora da escola, que precisou ser retirada por problemas de saúde.
Posições Oficiais
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que os policiais conversaram com as partes envolvidas e orientaram o registro de boletim de ocorrência se fosse necessário. A Corregedoria da PM está disponível para investigar possíveis denúncias sobre conduta policial. A SSP destacou que o uso do armamento, incluindo a metralhadora, faz parte do equipamento padrão dos policiais durante o turno.
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação, informou que esclareceu ao pai que a atividade é uma produção coletiva do grupo. A gestão municipal reforçou que a prática faz parte das propostas pedagógicas da escola que tornam obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo da cidade de São Paulo.

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