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Educação a distância: uma nova era para o aprendizado no Brasil
Por Marcos Antonio Gagliardi Cascino
A educação a distância (EaD) deixou de ser uma alternativa tímida e tornou-se uma realidade no Brasil que transforma o aprendizado de milhões de brasileiros. Segundo o Censo da Educação Superior, em 2023, 4,9 milhões de estudantes optaram pelo EaD, enquanto o ensino presencial contabilizou 5,06 milhões. Essa diferença, que parecia intransponível há poucos anos, agora se estreita rapidamente. Esses números evidenciam mais do que tendências: apontam para uma nova forma de construir conhecimento, adaptada às necessidades do mundo atual.
O avanço da educação distância no Brasil vai além das graduações tradicionais. Nos cursos de especialização, por exemplo, a modalidade liderou com 65,4% das matrículas registradas em 2022, conforme o 14º Mapa do Ensino Superior. Isso não é por acaso. Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, a busca por qualificação tornou-se indispensável, e o ensino remoto oferece a flexibilidade necessária para que muitos brasileiros possam estudar sem abdicar de outras responsabilidades.
O avanço do EaD no Brasil reflete uma transformação profunda na maneira de ensinar e aprender, rompendo barreiras geográficas e sociais
Outro aspecto relevante é o alcance da educação distância no Brasil . Segundo o mesmo Censo, 93,4% dos municípios brasileiros possuem polos de ensino presencial e/ou a distância. Isso representa mais de 3.300 cidades atendidas, ampliando o acesso à educação superior e conectando regiões antes marginalizadas. Essa capilaridade não apenas democratiza o ensino, mas também promove uma troca enriquecedora entre alunos de diferentes realidades, fortalecendo o aprendizado coletivo e criando comunidades de conhecimento.
Embora o alcance e a flexibilidade do EaD sejam inegáveis, acredito que o verdadeiro coração desse modelo está nos professores. O conceito de “Quem ensina mostra a cara” reforça o papel dos educadores como pilares do aprendizado, destacando sua capacidade de criar conexões humanas e inspirar confiança nos alunos. Mesmo no ambiente virtual, a presença do docente é essencial para garantir uma formação completa e significativa.
A flexibilidade, que permite aos alunos estudarem a qualquer hora e em qualquer lugar do Brasil ou do mundo é um dos grandes diferenciais da educação distância. Módulos curtos e objetivos, geralmente com duração entre 15 e 20 minutos, tornam o aprendizado mais dinâmico e acessível. No entanto, flexibilidade não significa menor qualidade. Pelo contrário, exige ainda mais criatividade e dedicação dos professores, que precisam apresentar conteúdos de forma instigante e envolvente.
Contrariando o senso comum, o EaD pode ser tão acolhedor quanto uma sala de aula física – em alguns casos, até mais. Quando os professores utilizam uma linguagem acessível, mostram-se disponíveis e demonstram interesse genuíno pelo progresso dos estudantes, criam conexões reais e profundas. Gestos simples, como ministrar uma aula de pé, mesmo em formato remoto, reforçam o compromisso do educador e mostram ao aluno que ele não está sozinho nesse processo.
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No ensino remoto, a formação vai além do conteúdo acadêmico. Ela promove o respeito às diferenças, constrói comunidades de aprendizado e prepara os alunos para os desafios do mundo real. Os professores assumem o papel de mediadores, facilitadores do aprendizado e pontes entre a tecnologia e a humanidade. Ferramentas como fóruns interativos e quizzes, aliadas a abordagens empáticas, tornam o processo educativo mais inspirador e dinâmico.
Engajar alunos em um ambiente virtual exige planejamento, criatividade e inovação. O corpo docente deve ir além do tradicional, despertando o interesse dos estudantes, promovendo interações significativas e auxiliando na superação dos desafios que o modelo remoto pode trazer.
O avanço da educação distância no Brasil reflete uma transformação profunda na maneira de ensinar e aprender, rompendo barreiras geográficas e sociais. Ele conecta indivíduos de diferentes contextos, oferece uma experiência de aprendizado acessível e inclusiva e demonstra que tecnologia e humanização podem caminhar lado a lado como aliadas na construção de uma educação de qualidade.
O futuro da educação a distância já começou. Suas vantagens e desafios deixam claro que a verdadeira transformação acontece quando inovação, inclusão e acessibilidade se unem a uma abordagem genuinamente humana. Como educadores, temos o privilégio e a responsabilidade de construir essa ponte entre o conhecimento e as necessidades reais dos alunos.
Marcos Antonio Gagliardi Cascino é reitor do Centro Universitário Católico Ítalo Brasileiro (UNI ITALO).
Gazeta do Povo.
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