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Economia

Embraer busca novas oportunidades com a China em meio a negociação com EUA para tarifas

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Em meio a esforços para eliminar a tarifa de 10% aplicada pelo governo dos Estados Unidos aos seus produtos (os 40% adicionais já foram reduzidos), a fabricante brasileira de aviões Embraer também está explorando novas chances de negócios com a China.

Durante um seminário para companhias aéreas realizado recentemente em Huizhou, China, sobre as perspectivas de crescimento da aviação no país, a Embraer apresentou um relatório indicando que o número de passageiros transportados este ano já superou os níveis anteriores à pandemia, chegando a 780 milhões, com potencial para alcançar 1,5 bilhão de viajantes anuais até 2035.

O documento intitulado China Market Report: “Um Novo Rumo para a Rentabilidade no Mercado de Aviação da China” destaca que a Embraer identifica oportunidade para seus jatos de corredor único em pelo menos 900 cidades chinesas com poucos voos e onde operam aeronaves maiores.

Essas cidades, que estão passando por rápido processo de urbanização e crescimento econômico, apresentam aumento no tráfego de passageiros maior que em rotas já saturadas, indicando espaço para operação de aviões menores com maior frequência.

“Ajustar capacidade e conectividade nesses mercados emergentes pode revelar um potencial significativo no chamado ‘Oceano Azul’, rotas ainda pouco exploradas, ideais para jatos regionais de curta distância”, destaca o relatório.

Algumas dessas rotas, muitas vezes ignoradas pelas grandes companhias aéreas, podem ser lucrativas com operações enxutas e frotas ágeis. Como exemplos, o relatório cita rotas como Xiamen–Zhanjiang ou Quanzhou–Baotou, que apresentam ligações econômicas importantes, porém com poucas opções de transporte.

“Identificamos um forte potencial na China para aeronaves narrowbody menores e mais modernas, capazes de aumentar a eficiência operacional e a conectividade. As companhias aéreas locais podem melhorar sua rentabilidade ao expandir sua atuação para um número maior de cidades chinesas”, afirmou Rodrigo Silva e Souza, vice-presidente de Marketing da Embraer Aviação Comercial.

O relatório aponta, entretanto, um paradoxo no mercado chinês: apesar do aumento no número de passageiros, as companhias aéreas enfrentam desafios para manter lucro, devido à saturação das principais rotas e à concorrência crescente dos trens de alta velocidade, o que estreita as margens do setor.

Além da China, a Embraer também está investindo na Índia, onde abriu um escritório em Nova Délhi em outubro passado para ampliar sua presença e negócios. A iniciativa inclui uma parceria com o Grupo Mahindra relacionada à aeronave multi-missão C-390 Millennium.

A empresa mantém o interesse em fechar um contrato de bilhões de dólares para a venda de até 80 cargueiros C-390 para a Força Aérea Indiana. A Embraer atua no mercado indiano há mais de 20 anos com aeronaves comerciais da família E-jets e de defesa.

Outra inovação é a apresentação do A-29 Super Tucano, avião de ataque leve e treinamento avançado, como uma solução anti-drone de baixo custo e alta eficiência, anúncio feito na Dubai Air Show, que abre oportunidades principalmente na Europa.

Apesar desses movimentos na Ásia, a Embraer mantém forte foco no mercado americano, o mais relevante para a empresa. Com presença de 45 anos nos EUA, a Embraer conta com uma unidade de três mil funcionários e US$ 3 bilhões em ativos no país.

Os Estados Unidos correspondem a 45% do mercado de seus jatos comerciais e 70% dos jatos executivos. A empresa continua negociando a eliminação das tarifas sobre seus produtos, assim como ocorreu com o Reino Unido.

Para atingir esse objetivo, além das negociações governamentais, a Embraer está investindo mais de US$ 1 bilhão em solo americano, incluindo pelo menos US$ 500 milhões para a montagem do KC-390 no país, se o avião for selecionado pela Força Aérea dos EUA, e outros US$ 500 milhões nos próximos cinco anos para expansão da fábrica em Melbourne, Flórida, onde são produzidos os modelos Phenom e Legacy.

Em recente entrevista, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, enfatizou: “Analisamos cuidadosamente toda a nossa contribuição para os EUA: empregos diretos e indiretos, investimento, a importância dos nossos aviões para a aviação regional local. Apresentamos essa visão para as partes interessadas para garantir visibilidade. Trata-se de um caso econômico extremamente sólido”. Ele ressaltou ainda que a empresa tem potencial de negócios de US$ 21 bilhões com companhias americanas até 2030.

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