Emirados negam acusação sudanesa de derrubar avião com mercenários

Representantes do governo dos Emirados Árabes Unidos refutaram nesta quinta-feira a afirmação do Exército do Sudão de que teria abatido um avião emiradense transportando mercenários colombianos em Darfur, conforme anunciado pelas Forças Armadas sudanesas, que reportaram pelo menos 40 mortos.

“As alegações infundadas (…) são totalmente falsas, carecem de evidências e se inserem em uma campanha de desinformação e distração promovida pelo Sudão”, declarou um porta-voz. Os Emirados são acusados de apoiar grupos paramilitares em conflito com o Exército sudanês.

Na quarta-feira, a televisão estatal do Sudão informou que a Força Aérea do país destruiu a aeronave dos Emirados ao aterrissar no aeroporto de Nayar, controlado por paramilitares, resultando em pelo menos 40 fatalidades.

O avião foi bombardeado e completamente destruído, revelou uma fonte militar sob condição de anonimato.

Esse aeroporto tem sido repetidamente alvo de ataques aéreos pelo Exército sudanês.

Desde abril de 2023, o Sudão vivencia uma guerra interna entre seu Exército, liderado pelo general Abdel Fatah al Burhan, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), comandados pelo ex-vice Mohamed Daglo.

O conflito já causou milhares de mortes, milhões de deslocados e é considerado pela ONU a pior crise humanitária mundial.

Também há alegações de participação externa, especialmente quanto ao suporte de Abu Dhabi às FAR.

Os Emirados sempre negaram qualquer envolvimento, apesar de diversos relatórios de especialistas da ONU e outras organizações internacionais apontarem o contrário.

Na segunda-feira, as autoridades sudanesas acusaram os Emirados de recrutar e financiar mercenários colombianos para combater ao lado dos paramilitares, apresentando documentos que alegam comprovar tal atividade.

Relatórios recentes indicam que esses combatentes estiveram presentes em Darfur desde o final de 2024, informações confirmadas por especialistas da ONU.

Nesta semana, as Forças Conjuntas — uma aliança de grupos armados apoiadores do Exército em Darfur — informaram haver mais de 80 mercenários colombianos integrando as FAR em El Fasher, capital de Darfur do Norte, última cidade desse estado sob controle do Exército.

Esses colombianos, compostos por militares aposentados e ex-guerrilheiros, têm histórico de participação em diversos conflitos recentes e teriam sido contratados pelos Emirados para missões no Iêmen e no Golfo.