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Empreiteiro diz que lobista pediu dinheiro para campanha do PMDB

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Em depoimento prestado à Polícia Federal, presidente de construtora preso na sexta-feira afirma que o lobista Fernando Baiano pediu dinheiro para a campanha eleitoral do partido.

Brasília – O presidente da construtora Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, afirmou, em depoimento prestado à Polícia Federal, que o lobista Fernando Soares, mais conhecido como Fernando Baiano, um dos operadores do esquema criminoso descoberto na Petrobras, pediu dinheiro para a campanha do PMDB. Desde que Baiano foi preso, em novembro, a sigla nega qualquer ligação com o lobista e voltou a rechaçar as acusações. Ele responde a processo por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava-Jato.

A CPI da Petrobras, controlada nos bastidores pelo PMDB, sofreu críticas, principalmente de petistas, por ter protelado a votação do requerimento para convocação de Fernando Baiano. Depois de muita pressão, o lobista foi ouvido, com outros presos, em Curitiba. O presidente do colegiado, Hugo Motta (PMDB-PB), afirma que as pessoas que estão presas não vão ser ouvidas em Brasília. O operador do PMDB no esquema ficou calado durante o depoimento, de 11 de maio, cujo teor foi disponibilizado nessa segunda-feira (22).

Baiano é um dos principais alvos de investigação relativa ao suposto recebimento de propinas por parte do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), referente a contratos de aluguel de sondas de perfuração em águas profundas.

No termo de declaração do empreiteiro, o dono da Andrade Gutierrez, preso na sexta-feira, durante a 14ª fase da Operação Lava-Jato, conta que o lobista o abordou para falar das doações eleitorais. “Em uma oportunidade, solicitou doação oficial de campanha, possivelmente para o PMDB, o que foi prontamente rechaçado, porque já existia um critério de doação para o diretório nacional sem a existência de intermediário”, diz o documento. No mesmo depoimento, prestado em 19 de maio, Azevedo afirma que conheceu Fernando Baiano “em 2009 ou em 2010”. O empreiteiro afirmou que o lobista esteve quatro vezes no escritório dele para propor parcerias em obras de infraestrutura.

O executivo revelou ainda que o único político do Partido Progressista (PP) – uma das siglas beneficiadas pelo esquema de corrupção – com quem esteve foi o “então senador pelo Rio de Janeiro Francisco Dornelles. Em relação aos políticos do PMDB, ele citou que “conheceu e teve relação institucional” com o vice-presidente da República, Michel Temer; com o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha; com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ); com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes; e com o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral. Cunha e Cabral são alvos de inquéritos da Lava-Jato. O empresário declarou ainda que acredita que a sua empreiteira foi envolvida no esquema “pelo simples fato de fazer parte e atuar no mesmo setor das demais grandes empresas citadas”.

Nos próximos dias, o empreiteiro vai ser ouvido novamente pela Polícia Federal. Nessa segunda-feira, os policiais ouviram quatro presos provisórios, dois executivos da Andrade Gutierrez e dois ligados à construtora Odebretch. Um deles foi Flávio Lúcio Magalhães. De acordo com o advogado Guilherme San Juan Araújo, o cliente esclareceu que jamais foi diretor da Andrade Gutierrez ou pertenceu ao quadro de funcionários da empresa. Segundo o delegado Igor Romário de Paula “os procedimentos podem se prolongar até a semana que vem, mas serão todos os presos (na 14ª fase da Lava-Jato) serão indiciados”.

Acareação

A acareação realizada nessa segunda-feira na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba entre o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef serviu para reforçar a denúncia de que o ex-ministro de Comunicação Paulo Bernardo (PT) teria pedido à organização criminosa R$ 1 milhão, em 2010, para a campanha de sua mulher, a senadora Gleisi Hoffmann (PT). Não ficou claro quem entregou o dinheiro. O ex-ministro nega que tenha pedido ou recebido qualquer recurso proveniente do esquema de propina implantado pela quadrilha que sangrou os cofres da Petrobras. A senadora petista afirma que não conhece Alberto Youssef e que todas as doações eleitorais recebidas foram legais e constam na prestação de contas encaminhada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em outros pontos tratados na acareação, que durou mais de oito horas, não houve mudança nas versões. Hoje está prevista nova acareação, na qual os dois devem abordar o suposto pedido de R$ 2 milhões do ex-ministro Antônio Palocci para a campanha da presidente Dilma Rousseff, em 2010.

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