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Empresa confirma substância tóxica em ração que matou cavalos

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Após a morte de centenas de cavalos em diversas regiões do Brasil nos últimos quatro meses, causada pelo consumo de ração contaminada produzida pela Nutratta Nutrição Animal Ltda, a empresa decidiu se manifestar sobre o ocorrido. Em comunicado enviado ao Metrópoles em 22 de julho, a Nutratta reconheceu a possível presença de um composto tóxico em sua produção.

“Embora as investigações ainda estejam em andamento, informações iniciais sugerem a presença da substância monocrotalina, gerada por plantas do gênero Crotalaria — uma leguminosa frequentemente utilizada como adubo verde — que pode ter contaminado matérias-primas vegetais usadas em diferentes cadeias agroindustriais”, afirmou a empresa no comunicado.

A Nutratta expressou profundo pesar pelos relatos de intoxicação e mortes de animais que supostamente têm ligação com seu produto. A empresa também suspendeu imediatamente a venda da ração.

“Em resposta à situação, adotamos medidas imediatas e preventivas, reforçando os controles laboratoriais, revisando os critérios para qualificação de fornecedores, implementando rastreabilidade das matérias-primas vegetais e reestruturando os protocolos sanitários e o layout da fábrica”, acrescentou a nota.

O estado de São Paulo registrou mais de 400 mortes de cavalos nas últimas semanas após a ingestão da ração. As ocorrências ocorreram principalmente em cidades do interior paulista, como Campinas, Sorocaba, Itu, Jundiaí, Jarinu e Indaiatuba, além da região metropolitana. Os dados são de um levantamento atualizado em 22 de julho, organizado pela advogada Maria Alessandra Agarussi, representante dos criadores afetados.

“Os casos seguem aumentando diariamente, com mortes registradas em todo o país”, lamentou Maria Alessandra, que coordena o grupo “Vítimas da Nutratta”, que reúne centenas de relatos de perdas em haras e centros de treinamento. O grupo está se organizando para ajuizar ações judiciais individuais.

Até o momento, estima-se que no Brasil 788 cavalos tenham morrido após consumir a ração contaminada. Além disso, 513 animais estão em tratamento e 410 permanecem sob observação clínica. Além de São Paulo, outros estados com casos confirmados incluem Minas Gerais, Rio de Janeiro, Alagoas, Bahia, Goiás, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.

Sintomas observados

Os animais apresentaram sintomas como desorientação, alterações comportamentais e dificuldades de locomoção. Marcos Barbosa, proprietário do haras Dia de Sol, em Guarulhos, detalhou: “O primeiro sintoma é a perda do apetite. Em seguida, os cavalos tornam-se prostrados, encostam a cabeça na parede e chegam a bater a cabeça e morder.”

Barbosa já perdeu nove cavalos desde maio, incluindo dois no dia 1º de julho. “Fiquei com todos os animais até o último momento e ainda estou anestesiado diante dessa situação”, disse.

“Estamos fazendo todo o possível, mas pedindo a Deus para amenizar nosso sofrimento. Ver nossos cavalos morrerem sufocados e se machucando é desumano”, desabafou. “Estamos vivendo momentos de terror”, completou.

Investigação e medidas regulatórias

Em 4 de junho, o Ministério da Agricultura suspendeu a venda das rações produzidas a partir de 8 de março de 2024. Na época, o número de mortes era 63. As investigações começaram em 26 de maio e apontam para a contaminação da ração desde abril.

Em 17 de junho, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) ordenou o recolhimento de todos os produtos destinados a equídeos fabricados a partir de 21 de novembro de 2024. Em 25 de junho, comunicou oficialmente a presença de substâncias tóxicas nas rações para cavalos.

Segundo o Mapa, a fiscalização encontra dificuldades devido à natureza dos sintomas nos animais, que podem aparecer de forma tardia após a interrupção do uso da ração contaminada. A progressão dos casos clínicos, marcada por insuficiência hepática seguida de uma piora repentina, torna mais desafiador estimar com exatidão o número total de óbitos.

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