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Empresa de elevador de Lisboa ajudou bondinhos do Rio

Responsável pelo funcionamento do Elevador da Glória, que sofreu um descarrilamento fatal em Portugal há dois dias, causando 16 mortes, a Companhia Carris de Ferro de Lisboa ofereceu consultoria técnica à Secretaria estadual de Transportes do Rio de Janeiro para a revitalização do sistema de bondes de Santa Teresa.
Essa consultoria foi contratada após um grave acidente em 27 de agosto de 2011 no bairro carioca, quando um bonde sem freios saiu dos trilhos e colidiu contra um poste, resultando em seis mortes e 54 feridos.
Em 2012, o governo estadual anunciou que o projeto de melhoria do sistema custava cerca de R$ 110 milhões, sem detalhar o valor pago à empresa portuguesa pela consultoria. O sistema de bondes que liga Santa Teresa ao centro do Rio completou 129 anos na última segunda-feira.
Moradores e usuários do bairro ainda mostram preocupações, mesmo após a reabertura do ramal Paula Mattos este ano, que estava fechado por mais de dez anos. Uma das principais preocupações é o tráfego intenso nas ruas inclinadas do bairro.
Marcos Aguiar, consultor imobiliário e morador de Santa Teresa, afirmou: “Eu uso o bondinho diariamente e acredito que o sistema funciona muito bem. O atendimento dos motorneiros e fiscais é ótimo. A única melhoria necessária é a instalação de placas de sinalização para evitar que carros estacionem sobre os trilhos, pois isso força os bondes a pararem”.
Para a turista espanhola Teresa Beneitez, a proximidade do bonde com o trânsito intenso é incomum.
“Para mim é estranho estar no bondinho e ver caminhões ou carros invadindo a rua. Na Europa isso não acontece, e imagino como seja difícil para quem depende do bonde diariamente”, disse ela.
De acordo com a Associação de Engenheiros Ferroviários (Aenfer), o sistema está mais seguro atualmente.
Hélio Suêvo, vice-presidente da entidade, explicou: “O bonde circula em baixa velocidade e o sistema de comando possui restrições atualizadas de velocidade, pois trafega no meio da rua, às vezes em mão inglesa, como no ramal Paula Mattos. O novo projeto incluiu um sistema de freio com maior segurança”.
O turista paulista Diego Cernohovsky destacou que a viagem foi tranquila, mas sugeriu melhorias no sistema de pagamento e no conforto.
“O sistema deveria aceitar Pix e mais bondes deveriam operar para evitar lotação excessiva, tornando difícil desembarcar no meio do trajeto”, comentou. Ele também mencionou a escassez de folhetos informativos com mapas para turistas.
Das três linhas de bondes, a ligação entre Largo da Carioca e Silvestre está fechada há cerca de 20 anos. A Secretaria de Transportes informou que as obras de revitalização estão quase concluídas e o trajeto será reativado em breve, assim como as linhas Dois Irmãos e Paula Mattos. A recuperação dessas linhas custou R$ 70 milhões.
A tarifa para turistas e visitantes é R$ 20, com venda de bilhetes encerrando às 16h no Largo da Carioca. Moradores de Santa Teresa têm gratuidade.
A Secretaria estadual de Transportes ressaltou que o sistema foi profundamente modernizado, mantendo o caráter histórico, mas reforçando a segurança técnica e estrutural. Entre as melhorias estão o sistema de frenagem automática em caso de inatividade do condutor e um mecanismo para aumentar a aderência das rodas em trechos íngremes ou escorregadios.

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