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Empresa que administra complexo esportivo planeja demolir o Nilson Nelson

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Empresa que ganhou o direito de explorar o Complexo Esportivo Ayrton Senna pretende construir um ginásio moderno no local da antiga arena. Outra ideia é plantar gramados ao lado do Mané Garrincha, para uso de equipes de menor expressão

Inaugurado em 1973, ginásio é considerado obsoleto: plano prevê instalações mais modernas
(foto: Breno Fortes/CB/D.A Press)

Palco de grandes competições esportivas e alguns dos maiores shows musicais da história da capital, o Ginásio Nilson Nelson pode estar com os dias contados. A empresa que ganhou o direito de administrar e explorar o Complexo Esportivo Ayrton Senna estuda demolir a maior quadra coberta do Distrito Federal para erguer outra, mais moderna, no mesmo local, ao custo de R$ 80 milhões. A obra deve durar dois anos.
A Arena BsB alega uma série de falhas operacionais e de infraestrutura. Ela vai tomar a decisão com base em um estudo aprofundado sobre as fundações da estrutura — a análise será encomendada nas próximas semanas. “Se as fundações forem adequadas, faremos as intervenções do nível do chão para cima. Mas, se estiverem comprometidas, a ideia é rodar o ginásio em 90º e refundá-lo, para que a entrada seja integrada ao boulevard, de frente para o Mané Garrincha”, explica o presidente da empresa, Richard Dubois. Seja qual for a opção, a empresa precisará submetê-la ao crivo do GDF.
Com uma capacidade cinco vezes menor que a do Estádio Nacional Mané Garrincha, o Nilson Nelson aparece como a mais importante estrutura do complexo, pois deve sediar o maior número de eventos. “Eventos que atraem 60 mil pessoas demoram a aparecer. O ginásio conseguirá atrações para 12 mil pessoas em quase todos os fins de semana”, aposta Dubois. “Para isso, precisamos de uma infraestrutura eficaz, com camarim, pré-montagem de aparelhos de som, camarote, área vip”, completa.

Para não comprometer a capacidade do DF de receber jogos ou pequenos eventos enquanto o Nilson Nelson passa por uma intervenção, a Arena BsB construirá um ginásio menor, para 4 mil pessoas. Os empresários estudam instalá-lo na parte de trás do complexo, próximo ao Autódromo Nelson Piquet. “Apenas depois de erguido, descomissionaremos o Nilson Nelson. Após a conclusão da obra, o espaço seria aproveitado como área de treinamento ou sede de jogos de times menores, por exemplo”, adianta o presidente da empresa.

Para assinar o contrato com o Palácio do Buriti, a Arena BsB entregou uma proposta inicial. A ideia, porém, deve passar por diversas alterações. A empresa lançará, em agosto, um concurso para a escolha do projeto arquitetônico do Boulevard Monumental, complexo de lazer que deve ficar nos fundos do Nilson Nelson, com restaurantes, teatros, cinemas, casa de show, academias de ginástica e shopping center.

As intervenções obedecerão a Lei Complementar nº 946/2018, aprovada pela Câmara Legislativa no ano passado. O plano prevê novos usos para área, com parâmetros como altura máxima de 12 metros, à exceção do ginásio e do estádio, e taxa de ocupação limite de 12% do terreno. Entre as exigências está a recuperação da área verde, a redução do espaço impermeabilizado, a garantia de acesso a pedestres, construção de ciclovias e a manutenção de um corredor verde, ligando o Parque da Cidade ao Parque Burle Marx.

Mais gramados

A empresa assinou o contrato com o GDF na última sexta-feira. O acordo prevê o pagamento do de R$ 5 milhões anuais ao governo, além do repasse de 5% do faturamento líquido. A concessão à iniciativa privada tem prazo de 35 anos, mas os repasses ao governo só começam no sexto ano de contrato, por conta do prazo inicial de investimentos. Com a concessão do complexo esportivo à iniciativa privada, o governo vai economizar ainda quase R$ 13 milhões por ano.

O planejamento não se restringe ao Nilson Nelson. O Arena BsB pretende plantar gramados externos, ao lado do Mané Garrincha. “Os times menores poderiam optar por esses campos, menos onerosos e suficientes para acolher as torcidas. Também pretendemos criar quadras de tênis e demais esportes externos”, diz Dubois. Com a terceirização do espaço, o Complexo Esportivo Ayrton Senna passa a se chamar Arenaplex.

Memória

Homenagem a jornalista
Com o nome do primeiro grande jornalista esportivo da capital, o Ginásio Nilson Nelson abriu as portas em 1973. Inspirado em uma tabela de basquete, o projeto arquitetônico de Ícaro de Catro Mello, Eduardo de Castro Mello e Claudio Cianciarullo sediou importantes atrações, como um show do grupo Jackson 5, em 22 de setembro de 1974. Nos anos 2000, tornou-se palco dos principais torneios nacionais de MMA, além de sediar competições oficiais das seleções de vôlei.

Para saber mais

A Arena BsB também vai demolir e reconstruir o ginásio do Complexo Esportivo Ayrton Senna. Inaugurada em abril de 1981, a pequena arena no centro da capital tinha capacidade para 2,4 mil torcedores e recebia treinos e campeonatos regionais. O equipamento esportivo foi interditado em 2001, devido a problemas estruturais, desde então, sofre com o abandonado e deterioração.
Pichadas, as entradas estão fechadas com correntes enferrujadas e tapumes, pois alguns portões não existem mais. Dentro, lixo e entulho estão empilhados — uma situação parecida com a das quadras poliesportivas ao lado. Todo o abandono contrasta com o concreto das colunas do Estádio  Nacional Mané Garrincha, erguido ao custo de R$ 1,7 bilhão a 200m de distância.

A poucos passos do ginásio, distinguindo-se da aparência negligenciada, ainda funciona o complexo aquático de mesmo nome — Cláudio Coutinho, ex-técnico da Seleção Brasileira, morreu aos 42 anos, no ano de inauguração do espaço esportivo. A piscina olímpica dali, uma das melhores da capital, sedia competições e abriga algumas federações esportivas do Distrito Federal.

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