Economia
Empresários confiantes em redução de tarifas após diálogo Lula-Trump

O contato telefônico entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Donald Trump, dos Estados Unidos, trouxe otimismo para importantes empresários brasileiros e entidades representativas dos setores exportadores atingidos pelas tarifas.
As lideranças empresariais destacam que a “diplomacia empresarial”, que envolve a pressão feita sobre autoridades americanas nas últimas semanas, complementou a diplomacia oficial do Brasil, sendo fundamental para iniciar o diálogo com Trump e para centralizar as negociações em temas comerciais, deixando de lado assuntos ideológicos.
Observadores que atuam nos EUA em conjunto com a iniciativa privada americana afetada pelas tarifas afirmam que o diálogo entre Lula e Trump, sem menção direta ao ex-presidente Jair Bolsonaro, evidencia a redução da influência política do apoiador bolsonarista Paulo Figueiredo e do deputado federal Eduardo Bolsonaro.
A concentração da conversa em aspectos comerciais é vista como uma vitória das entidades, que realizaram encontros com parlamentares republicanos e autoridades do governo americano.
Empresários acreditam que a partir desse diálogo, Lula poderá ampliar as isenções tarifárias para exportadores brasileiros ainda neste ano, incluindo a possibilidade de reverter sanções como a suspensão de vistos para autoridades brasileiras.
Um executivo do setor de exportação de proteínas, um dos mais impactados, afirmou que o aumento dos preços da carne nos EUA provocado pelas tarifas tem gerado pressão por parte dos importadores americanos para que os produtos brasileiros sejam incluídos na lista de isenções, destacando que as tarifas afetam também o consumidor americano.
Os EUA possuem atualmente um dos menores rebanhos em sete décadas e produzem cortes mais caros, como Angus, enquanto importam cortes variados do Brasil.
O empresário Joesley Batista, controlador da gigante JBS, teve diversas reuniões em setembro com autoridades americanas, defendendo os interesses do setor e ressaltando que a tarifa impacta tanto o Brasil quanto o consumidor americano e os investimentos nos EUA. Ele também destacou a importância de isentar exportações do setor de celulose.
Exportadores de proteína estão otimistas de que, mantendo a boa relação entre Trump e Lula, as tarifas possam ser reduzidas ainda este ano.
O setor cafeeiro também tem buscado contato direto com empresários e governo dos EUA. Marcos Matos, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, manifestou otimismo com o diálogo iniciado, destacando o aumento do preço do café arábica em 40% na bolsa americana desde a imposição das tarifas.
Francisco Gomes Neto, presidente da Embraer, conseguiu uma isenção de 50% para aviões civis graças a negociações diretas com autoridades americanas, antes mesmo do início da vigência do tarifaço.
Associações setoriais e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) também atuaram com comitivas nos EUA, reunindo-se com representantes da Secretaria de Estado e do Departamento de Comércio, buscando avançar nas negociações.
José Velloso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), ressaltou que o Brasil é importante para os EUA, embora não seja prioritário, e que a pressão de empresários americanos próximos aos republicanos tem ajudado a levar as discussões para o campo econômico, abrindo espaço para negociações comerciais, principalmente em temas relevantes para os EUA, como minerais críticos e etanol.
Velloso destacou que a negociação com os EUA está oficialmente aberta e que não houve menção a Bolsonaro durante as conversas, focando somente em aspectos econômicos, o que é positivo.
Além disso, a atuação da iniciativa privada brasileira, incluindo o agronegócio, contribuiu para combater a influência dos bolsonaristas junto a decisores americanos, reduzindo seu protagonismo político na questão.
Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), reforçou que a diplomacia empresarial tem papel complementar à oficial, colaborando para estabelecer o diálogo, e que as perspectivas são positivas para os próximos passos.

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