Economia
Empresas industriais aumentam uso de IA em 163% em dois anos

Nos últimos dois anos, a quantidade de empresas do setor industrial que passaram a utilizar tecnologias de inteligência artificial (IA) mais que dobrou, com um crescimento de 163%. O número saltou de 1.619 em 2022 para 4.261 em 2024.
No primeiro semestre de 2023, 41,9% das indústrias pesquisadas adotavam IA, contra 16,9% em 2021.
Esta informação é resultado da Pesquisa de Inovação Semestral (Pintec), divulgada em 24 de abril pela Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo analisou 1.731 empresas industriais de um universo de 10.167 organizações com ao menos 100 funcionários.
O levantamento foi financiado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), instituição sem fins lucrativos, com apoio técnico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O gerente de pesquisas temáticas do IBGE, Flávio José Marques Peixoto, relaciona o aumento do uso da IA especialmente à popularização das chamadas IAs generativas, que produzem textos e imagens automaticamente.
Ele destaca que, entre 2022 e 2023, houve o lançamento e a ampla difusão do ChatGPT, software que simula conversas e gera conteúdos, o que contribuiu para o crescimento expressivo desta tecnologia nas indústrias.
Flávio Peixoto também cita outras aplicações de inteligência artificial que ganharam espaço na indústria, como mineração de dados, reconhecimento de voz e imagem, geração de linguagem natural, aprendizado de máquina, automação de processos e manutenção preditiva — esta última especialmente importante para o controle autônomo no sistema produtivo.
Perfil das empresas
O IBGE verificou que o uso de IA cresce com o tamanho da empresa: 57,5% das empresas com 500 ou mais colaboradores adotam essa tecnologia, seguidas das empresas com 250 a 499 empregados (42,5%) e 100 a 249 empregados (36,1%).
As áreas que mais aplicam IA são a administração (87,9%) e comercialização (75,2%).
Setores com maior uso de IA
- Equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos: 72,3%
- Máquinas, aparelhos e materiais elétricos: 59,3%
- Produtos químicos: 58%
Setores com menor uso de IA
- Fumo: 22,9%
- Couro: 20,7%
- Manutenção, reparação e instalação de equipamentos: 19,2%
Tecnologias digitais avançadas
Além da IA, 89% das empresas industriais também adotam outras tecnologias digitais avançadas. As que têm maior penetração são:
- Computação em nuvem: 77,2%
- Internet das coisas: 50,3%
- Robótica: 30,5%
- Análise de big data: 27,8%
- Manufatura aditiva (impressão 3D): 20,3%
- IA: 41,9%
Os setores com mais tecnologia da informação são outros equipamentos de transporte (98,3%), máquinas elétricas (97%) e impressão e reprodução de gravações (96%).
Apenas 5% das empresas aplicam simultaneamente todas as seis tecnologias listadas, enquanto 20,8% utilizam apenas uma, sendo que a computação em nuvem é a mais comum para empresas que usam uma única tecnologia digital.
Benefícios para as empresas
- Aumento da eficiência: 90,3%
- Mais flexibilidade em processos administrativos e produtivos: 89,5%
- Melhor relacionamento com clientes e fornecedores: 85,6%
- Maior eficácia no atendimento ao mercado: 82,9%
- Desenvolvimento de novos produtos ou serviços: 74,7%
- Redução do impacto ambiental: 74,1%
- Entrada em novos mercados: 43,8%
Motivações para adoção
Quanto às razões para a implementação dessas tecnologias, 88,6% das empresas indicaram que a decisão foi estratégica e independente, 62,6% mencionaram influência de fornecedores ou clientes, e 51,9% apontaram a concorrência como fator. Apenas 9,1% foram beneficiadas por programas públicos de apoio.
Sobrevivência no mercado
Flávio Peixoto avalia que o uso crescente das tecnologias digitais não é apenas para ampliar mercados, mas uma necessidade para permanecer competitivo, pois fornecedores e clientes demandam integração tecnológica para manutenção nas cadeias produtivas. Ele cita o setor automotivo como exemplo, onde as ordens refletem da ponta até toda a cadeia, o que só é possível graças às tecnologias integradas.
Custo e recursos humanos
Entre as empresas que usam tecnologias digitais, 78,6% relataram que os altos custos dificultam a adoção, e 54,2% apontaram a escassez de pessoal qualificado como uma limitação. Para aquelas que ainda não adotaram essas tecnologias, 74,3% consideram os custos altos como impedimento principal, seguidos pela falta de mão de obra qualificada (60,6%).
Teletrabalho em queda
O percentual de empresas industriais que adotam teletrabalho diminuiu de 47,8% em 2022 para 43% em 2024, totalizando 4.357 empresas com este regime. O teletrabalho é mais comum em empresas com 500 ou mais funcionários (65,3%) e menos frequente em companhias menores.
Nas áreas administrativas e comerciais, o teletrabalho é predominante (94,6% e 85%, respectivamente), ao passo que é menos adotado na produção (35,5%) e logística (51,7%).

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