Economia
Entenda a posição do Brics sobre conflitos globais

Grande parte da declaração final da 17ª Cúpula do Brics, divulgada no último domingo (6), focou nas questões de paz e guerra, abordando os principais conflitos mundiais atuais. Além dos temas envolvendo Palestina e Irã, o Brics comentou sobre os confrontos na Ucrânia, Líbano, Sudão, além das tensões na Síria e na região Norte da África.
“Convocamos a comunidade internacional a enfrentar esses desafios e as ameaças à segurança usando medidas político-diplomáticas para minimizar o risco de conflitos, destacando a importância de esforços preventivos que atacam as causas fundamentais”, afirmam as diretrizes da Declaração do Rio de Janeiro do Brics 2025.
O documento menciona brevemente a Ucrânia, atualmente em conflito com a Rússia, membro do Brics. Os países reafirmaram suas posições nacionais e solicitaram uma solução negociada.
“Aplaudimos iniciativas de mediação e diplomacia, como a Iniciativa Africana de Paz e o Grupo de Amigos para a Paz, destinados a resolver pacificamente a crise. Esperamos que esses esforços levem a um acordo de paz duradouro”, afirma o texto sobre a Ucrânia.
Durante a abertura do evento no domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva relembrou a posição contrária do Brasil à invasão da Ucrânia. “É fundamental que as partes envolvidas no conflito busquem um diálogo direto visando o cessar-fogo e a paz sustentável”, destacou o presidente.
Em contrapartida, a declaração condenou ataques ucranianos em território russo. “Reprovamos com veemência ataques contra infraestrutura em regiões da Federação Russa, que causaram vítimas civis, incluindo crianças”, declarou o grupo.
Preocupação com o aumento dos gastos militares
O Brics expressou sua preocupação com a crescente elevação dos gastos militares, que tem prejudicado os investimentos em desenvolvimento nos países em desenvolvimento.
Recentemente, membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), composta principalmente por países europeus, Turquia e Estados Unidos (EUA), anunciaram planos para aumentar seus orçamentos militares para até 5% do PIB nacional, com exceção da Espanha.
Posicionamento sobre a Síria
O bloco exigiu que Israel retire suas tropas dos territórios sírios ocupados e condenou ataques terroristas recentes, bem como a perseguição a minorias étnicas no país.
“Repudiamos a violência generalizada em várias províncias sírias, os atos terroristas do Estado Islâmico (Da’esh) e dos grupos ligados à Al-Qaeda, incluindo ataques a locais religiosos e regiões como Rif Dimashq, estendendo as condolências às famílias afetadas”, afirmou o comunicado.
A instabilidade persistente na Síria, agravada após a remoção do ex-presidente Bashar al-Assad por insurgentes apoiados por potências estrangeiras, ameaça a unidade territorial do país.
O Brics saudou o anúncio dos EUA de suspender algumas sanções contra a Síria e reiterou seu pedido para que Israel desocupe imediatamente o território sírio, conforme acordos internacionais.
Palco do conflito: Líbano
A Declaração celebrizou o cessar-fogo estabelecido no Líbano, porém criticou Israel pelas violações desse acordo.
“Solicitamos que Israel respeite o acordo com o governo libanês e retire suas forças de todas as áreas do Líbano, incluindo cinco locais no sul onde continuam presentes”, disseram os países.
Preocupação com a situação do Haiti
O grupo destacou sua preocupação com a grave crise social, econômica e de segurança enfrentada pelo Haiti, onde gangues armadas dominam mais de 80% da capital, Porto Príncipe.
“A situação atual exige uma solução liderada por haitianos, com diálogo nacional e consenso entre forças políticas, instituições e sociedade. Pedimos apoio internacional para o desmantelamento das gangues, melhoria da segurança e estabelecimento de bases para um desenvolvimento duradouro”, declarou o Brics, afirmando apoio ao trabalho da ONU na questão haitiana.
Crise no Sudão
Outro ponto abordado foi a crise no Sudão, país africano devastado por guerra civil e emergência humanitária de larga escala.
“Manifestamos profunda preocupação com a situação, que gerou uma crise humanitária e aumento dos riscos de extremismo e terrorismo. Reforçamos nossas posições e clamamos por cessar-fogo imediato”, explicou o documento.
O Brics também mencionou outros conflitos em regiões do Norte da África, especialmente na área dos Grandes Lagos e no Chifre da África, ressaltando o papel essencial da liderança africana, especialmente da União Africana (UA), para a resolução destes conflitos.
“Reconhecemos a importância da União Africana na prevenção, gestão e resolução de conflitos, e reafirmamos nosso apoio às iniciativas africanas de paz, incluindo esforços da UA e organizações sub-regionais”, concluiu o comunicado da cúpula no Rio.

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