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Entenda o que é o movimento Antifa

Antifa, um movimento descrito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na segunda-feira (22) como uma “organização terrorista interna”, é uma rede difusa de ativistas de esquerda com ideais antifascistas. Especialistas indicam que é mais uma ideologia política do que um grupo estruturado.
A decisão de Trump veio após o assassinato do influenciador conservador Charlie Kirk, em 10 de setembro, e representa uma das várias medidas que o republicano ameaçou contra opositores que acusa de promover violência.
Origem do movimento Antifa
O termo Antifa, abreviação de “antifascismo”, surgiu na Alemanha no começo da década de 1930, quando grupos socialistas tentaram resistir à ascensão dos nazistas liderados por Adolf Hitler.
O movimento não possui liderança nacional ou estrutura centralizada. Ele é formado por grupos e indivíduos independentes, radicais, mas com pensamentos semelhantes, conforme análise de 2020 do Serviço de Pesquisa do Congresso.
Mark Bray, autor do livro “Antifa: O Manual Antifascista”, descreve a rede como uma coalizão política que reúne diversos tipos de radicais, desde socialistas a comunistas, anarquistas e outros grupos independentes.
Ele compara o movimento ao feminismo, explicando que, assim como existem grupos feministas mas o feminismo não é um grupo, existem grupos Antifa, mas o Antifa não é um grupo formal.
Atividades e enfoque
Nos Estados Unidos, os grupos antifascistas têm se engajado em campanhas relacionadas à justiça social nas últimas vinte anos, mas seu foco principal tem sido confrontar organizações neonazistas e supremacistas brancos.
Um dos grupos mais antigos é o Rose City Antifa, de Portland, Oregon, fundado em 2007 para protestar contra um festival de música de skinheads neonazistas chamado Hammerfest.
Ativistas Antifa, frequentemente mascarados e vestidos de preto, organizam protestos contra o racismo, extremismo de direita e o fascismo, e, em algumas ocasiões, justificam o uso da violência como forma de defesa.
Desde a eleição de Donald Trump em 2016, esses manifestantes têm se envolvido em confrontos diretos com grupos de direita.
Na posse de Trump em janeiro de 2017, dezenas de integrantes do Antifa, com máscaras e vestimentas pretas, junto a outros manifestantes, causaram danos materiais em Washington.
No mesmo ano, estiveram presentes em contramanifestações durante uma marcha de supremacistas brancos e neonazistas em Charlottesville, Virgínia, que resultou em confrontos violentos.
A designação de Antifa como terrorista nos EUA
A designação de Antifa como grupo terrorista interno ainda é incerta. Embora as agências federais dos EUA atuem contra o terrorismo interno, não há legislação específica para classificar grupos nacionais como organizações terroristas, ao contrário de grupos estrangeiros como o Estado Islâmico ou a Al Qaeda.
No primeiro mandato de Trump, após protestos contra brutalidade policial motivados pela morte de George Floyd, ele anunciou a intenção de classificar Antifa como terroristas no mesmo patamar da Al Qaeda e do EI, mas não concretizou essa medida.
A classificação como terrorista é um instrumento poderoso para que autoridades possam prender apoiadores de grupos jihadistas ou outros.
Essa legislação não abrange grupos internos por receios de que um presidente a utilize contra opositores políticos e viole direitos de liberdade de expressão garantidos pela Primeira Emenda.

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