Entenda os 5 temas principais da conversa entre Lula e Trump na Malásia

Em um encontro que durou cerca de 50 minutos com o presidente Donald Trump neste domingo (26), na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou o pedido para que o aumento das tarifas seja suspenso enquanto as negociações estiverem em andamento. Ele abordou as sanções contra brasileiros, o comércio entre os dois países e se colocou como um facilitador na crise envolvendo os Estados Unidos e a Venezuela.

Após a reunião, Lula publicou nas redes sociais que teve uma “ótima reunião” com o líder americano. “Conversamos de forma aberta e produtiva sobre a agenda comercial e econômica entre os países. Combinamos que nossas equipes vão se encontrar imediatamente para buscar soluções para as tarifas e as sanções impostas contra autoridades brasileiras”, escreveu o presidente brasileiro.

Conheça os cinco pontos principais discutidos entre os presidentes, conforme comentário do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

1. Suspensão das tarifas altas
   Esse foi o foco principal da conversa. O governo do Brasil defende que as taxas elevadas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros sejam suspensas durante as negociações comerciais. A avaliação em Brasília é que, com estas tarifas em vigor — que impactam setores como aço, alumínio, carne e café —, é difícil ter um diálogo equilibrado. A suspensão seria uma medida temporária para permitir o progresso nas conversas e restaurar a confiança entre os países.
2. Balança comercial
   A balança comercial entre Brasil e Estados Unidos tem mostrado superávit para os americanos, contrariando a alegação da Casa Branca de déficit. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços indicam que de janeiro a setembro deste ano, houve um déficit de US$ 5,1 bilhões para os EUA. Lula também enfatizou que o comércio entre os dois é complementar e não uma competição, e que o Brasil não representa ameaça para a indústria americana.
3. Sanções
   Lula solicitou a suspensão das sanções contra cidadãos brasileiros. Além da restrição de vistos para algumas autoridades brasileiras, os Estados Unidos aplicaram a Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviane, proibindo operações comerciais e financeiras com empresas americanas.
4. Venezuela
   Lula discutiu a crise política e humanitária na Venezuela, apoiando uma solução negociada e rejeitando qualquer forma de intervenção ou aumento da tensão. O presidente brasileiro busca atuar como mediador na região, embora haja resistência por parte do setor mais rígido do governo americano, representado por Marco Rubio, que defende sanções e pressão contra o regime de Nicolás Maduro. O assunto foi tratado de forma reservada, com divergências claras, mas sem interromper o diálogo.
5. Negociações imediatas
   Os governos concordaram em manter um canal de comunicação aberto, com encontros técnicos entre representantes do Brasil e dos EUA — incluindo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, e o representante de comércio americano, Jamieson Greer. Essas reuniões visam definir os termos para avançar nas negociações comerciais e a possibilidade de suspensão temporária das tarifas. Embora não exista uma solução imediata, o encontro marcou o começo oficial de um processo direto de negociação.