Economia
Entregador ferido comemora prisão de agente penal

Um dia após ser baleado no pé pelo agente penal José Rodrigo da Silva Ferrarini, o entregador Valério Júnior sentiu um alívio. O autor do disparo se apresentou à polícia no domingo, após ter sua prisão temporária decretada por 30 dias, e foi levado à Penitenciária de Benfica. Informado da prisão, Valério afirmou estar mais tranquilo para focar na sua recuperação.
— Ele era meu vizinho. Nossos condomínios eram separados por apenas 10 metros. Por isso, é um grande alívio poder chegar em casa hoje. Sinto-me mais calmo sabendo que ele não pode fazer nenhum mal. Enquanto estivesse foragido, poderia ter agido contra alguém da minha família, mas agora estou mais sereno e posso concentrar-me na recuperação — desabafou Valério.
O incidente ocorreu na madrugada do último sábado. Ferrarini discutiu com Valério, que se recusou a entregar um pedido além da portaria, conforme as regras do aplicativo, e acabou sendo baleado no pé.
O agente foi registrado pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), ouvido na 32ª DP (Taquara) e liberado inicialmente. A Seap informou que “a conduta atribuída ao servidor aconteceu fora do horário de serviço” e que a Corregedoria estaria acompanhando o caso.
Horas depois, vários entregadores reuniram-se em protesto na porta do condomínio do agente, apoiando Valério e pedindo a prisão de Ferrarini.
— Nossa categoria é muito unida, mas não esperava tanta gente no protesto. Acho que a repercussão ajudou, pois o motivo foi muito grave e causou indignação — comentou um dos participantes.
De acordo com o delegado titular da 32ª DP, Marcos Buss, a liberação inicial ocorreu porque os investigadores ainda não haviam ouvido a vítima nem analisado as imagens que circulavam nas redes sociais.
— Após ouvirmos Valério e termos acesso às filmagens, solicitamos a prisão temporária — explicou Buss, ressaltando que o acusado alegou ter atirado acidentalmente. — Ele disse que sempre anda armado e que, em determinado momento, a arma disparou sozinha.
Após a prisão, a Seap anunciou o afastamento de Ferrarini por 90 dias, a abertura de um processo disciplinar e classificou sua atitude como “inaceitável”. Ferrarini está sendo investigado por tentativa de homicídio qualificada, motivada por motivo fútil e pela impossibilidade de defesa da vítima.

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