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Escola com água contaminada passa a ser abastecida por caminhão-pipa

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Após passar dois anos convivendo com água contaminada, o Centro de Ensino Fundamental em Ponte Alta Norte, no Gama, no Distrito Federal, passou a ser abastecido diariamente por um caminhão-pipa com 5 mil litros. No período de um mês, pelo menos dez alunos relataram dor de barriga e mal estar depois de ingerir o líquido. De acordo com a Secretaria de Educação e a Caesb, essa foi a solução encontrada para driblar o problema. A escola atende 300 estudantes no período matutino e vespertino, do 1º ao 9º ano.

Testes feitos pela Caesb na semana passada revelaram que a água do poço artesiano que abastece a escola há mais de 20 anos está contaminada com coliformes fecais. Há dois anos, um laudo da Vigilância Sanitária já apresentado o mesmo resultado. Uma nova avaliação feita pelo órgão neste ano também apontou que a situação permanece igual.

O fornecimento por caminhão-pipa é feito todos os dias às 15h, mas, quando a reportagem doG1 esteve na escola, por volta de 11h desta terça-feira (14), torneiras e bebedouros já haviam secado. A direção explicou que a água foi utilizada na lavagem da caixa d’água no dia anterior e que por esse motivo o uso foi maior do que o previsto.

De acordo com o assessor especial da Coordenação Regional de Ensino do Gama, Tiago Rios, não há previsão para construção de um novo poço artesiano ou para interligar a escola à rede da Caesb. Ele disse também que a quantidade de água fornecida diariamente pelo caminhão-pipa é suficiente.

“O caminhão vai ficar até que liguem a escola à rede ou até que seja construído um novo poço, mas depende de abrir licitação, é um processo mais demorado. Por enquanto, o que tem de imediato é o fornecimento por caminhão pipa, e o que está sendo fornecido [5 mil litros] é a quantidade que a escola demandou”, disse.

A Caesb informou que o abastecimento da escola não é de responsabilidade da companhia, que recebeu solicitação de ajuda para resolver o problema. A empresa disse que solicitou estudos técnicos e a elaboração de um projeto para solucionar a questão em definitivo. A previsão é de que os trabalhos sejam realizados em um mês e meio.

A técnica em enfermagem Antonia Gomes diz que os dois filhos, de 8 e 10 anos, passaram mal depois de beberem a água da escola. Segundo ela, o mais novo precisou ser hospitalizado. “Ele já chegou em casa com a barriga doendo, vomitou e já foi para o banheiro. Levei para o hospital e ele passou a noite em observação, tomando soro. Aí foi diagnosticado infecção intestinal”, diz.

“Outros coleguinhas também ficaram doentes, quatro deles ficaram bem ruinzinhos. Outros sentiram só um mal estar. Foi então que conversei com alguns pais, mobilizei eles para correr atrás de um solução, porque não é de hoje que tem problema com aquela água.”

Antonia diz que na segunda-feira (13), a escola liberou os alunos mais cedo por conta da falta de água. “Meu filho leva uma garrafinha, mas não é suficiente porque está calor, está seco, ainda não choveu para valer. Antes do intervalo a água já acaba e, quando voltam do intervalo, estão cansados, com sede”, diz. “Alguns professores também já passaram mal, tanto é que eles também levam a própria garrafinha.”

De acordo com o diretor da escola, Welch de Paiva Gonçalo, antes da chegada dos caminhões-pipa, a água do poço era utilizada até para cozinhar, porque acreditava-se que os filtros da caixa d’água seriam suficientes para purificá-la. Antes de ser utilizada, a água era filtrada nas torneiras e depois fervida.

“Na época, a gente não tinha desligado a bomba do poço. A partir da quinta-feira passada, a Caesb veio junto com a regional [de ensino do Gama] e a gente realmente foi orientado a não pegar mais água do poço”, diz Gonçalo.

Segundo o diretor, o problema só será solucionado definitivamente quando a escola for contemplada com um programa de saneamento rural da Caesb, ocasião em que o clorador, equipamento que garante a filtragem e limpeza da água, deverá ser instalado. “A tubulação da Caesb mais próxima fica no cemitério do Gama, a três ou cinco quilômetros de distância, não chega até aqui”, diz.

A direção continua a orientar as crianças a levarem água de casa. “O número de crianças [que passou mal] de agosto para setembro tinha sido mais ou menos umas dez. De setembro para outubro não teve mais crianças com dor de barriga.”

As crianças afirmam que, para economizar água, não lavam as mãos  depois de usar o banheiro e que nem sempre podem dar descarga nas privadas.

“Não lavamos a mão quando saímos do banheiro”, diz a estudante Stephanie Maig, de 11 anos.

“Vou começar a trazer garrafa de dois litros”, conta o aluno João Felipe Santos, de 9 anos. “Todo dia trazemos nossa garrafinha, mas não dá para o dia todo.”

Fonte/Foto: G1 / ilustrativa

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