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Escolas Técnicas: obras paradas e custo mais alto
Prometidas há quatro anos, apenas uma começou a ser construída. Elas já custam R$ 16,8 milhões a mais
As escolas técnicas de Brazlândia, Guará, Paranoá e Santa Maria, prometidas há quatro anos, estão mais caras em relação ao previsto, e apenas uma começou a ser construída. Em 2012, o então Governo do Distrito Federal assinou convênio com o Ministério da Educação para receber R$ 30 milhões e erguer as instituições, mas pouca coisa saiu do papel.
De lá para cá, o valor das obras ficou R$ 16,8 milhões mais caro – cada unidade vai custar R$ 11,7 milhões, segundo a Secretaria de Educação (SEE) – e não há previsão para começar a colocar tijolo sobre tijolo em Brazlândia, Paranoá e Santa Maria. No Guará, o prédio está 30% concluído e deve ser entregue ao final de 2016.
Desemprego
Em tempos de taxa de desemprego em alta – são quase 260 mil pessoas sem ocupação formal, conforme a Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) – e com o País em meio a uma crise política e econômica, os cursos profissionalizantes oferecidos pelas escolas poderiam auxiliar os jovens em início de carreira.
“Com o itinerário da educação profissional, ele pode seguir seu caminho para a universidade ou direto para o mercado de trabalho”, resume a diretora da Educação Profissional da SEE, Joelma Bomfim.
No Guará, a única região desde 2012 a ter as obras de sua escola iniciada, a instituição deve cumprir uma função social dupla. Localizada próximo ao Centro Educacional 3, o popular Centrão, na QI 29 do Guará II, a obra substituiu uma quadra de esportes reformada após uma “vaquinha” entre moradores da região. À época da inauguração dos trabalhos, em maio do ano passado, frequentadores reclamaram, mas a administração regional foi irredutível.
Moradora da região aprova as instituições de qualificação
A bancária Maria Emília Cordeiro, de 36 anos, não lamenta a substituição da antiga quadra de esportes pela escola técnica no Guará II. Com um filho de 12 anos, ela vê mais ganho para a sua família com a instituição à porta de casa. “Outras pessoas até jogavam ali, mas têm vários outros lugares no Guará para fazer isso, né?”, pondera.
Maria Emília também aponta que o lugar era frequentado por usuários de drogas e isso a deixava receosa de atravessar o gramado para ir ao supermercado a pé, por exemplo.
Educação
“Tem que investir em educação mesmo. Com toda essa crise, quem tiver mais preparo vai se sair melhor”, contemporiza a bancária Maria Emília.
Vinda de Uberlândia (MG) e “cria do Guará” há 15 anos, a bancária cita o desemprego no Distrito Federal como um dos motivos para ter uma escola técnica na região.
“Existe tanta gente precisando de uma profissão, então, tem que dar oportunidade mesmo. É uma decisão que eu apoio, e acho que vai beneficiar, no geral”, opina.
Metade dos recursos utilizados
Para a unidade do Guará, foram reservados R$ 4,2 milhões em 2015 e outros R$ 4 milhões neste ano. Desse total de R$ 8,2 milhões, porém, foram utilizados menos da metade, o que levantou questionamentos de parlamentares de oposição quanto ao empenho na entrega das instalações.
O deputado distrital Chico Leite (Rede), aponta, por exemplo, que o crédito orçamentário autorizado em 2015 para investir nas quatro instalações foi de mais de R$ 30 milhões. Esse dinheiro faz parte de um pacote na ordem de R$ 5 bilhões anunciado para custear 52 obras pelo DF, entre elas, das quatro escolas técnicas prometidas há quatro anos. Segundo o político, com os pouco mais de R$ 3 milhões liquidados para a construção do Guará no ano passado, menos de 10% dos recursos disponibilizados foram empregados.
“É preocupante ver que o GDF tem investido tão pouco em melhorias e construção de novas unidades”, contemporizou o deputado, em lembrança à morosidade do processo referente às outras três cidades a serem contempladas.
Oito unidades são mantidas pelo GDF
Conforme a diretora da Educação Profissional da Secretaria de Educação (SEE), Joelma Bomfim, existem atualmente oito escolas técnicas mantidas pelo Governo do Distrito Federal (GDF) com oferta de quase 50 cursos técnicos distintos.
Quatro delas, a Escola Técnica de Brasília (ETB), em Águas Claras, a Escola Técnica de Ceilândia (ETC), a Escola Técnica de Saúde de Planaltina (ETSP) e a Escola de Música, na Asa Sul, funcionam independentemente. As restantes estão vinculadas a centros educacionais do Cruzeiro, do Gama e de Brazlândia.
Contando com as vagas vinculadas ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do Governo Federal, são 10,7 mil pessoas atendidas em todo o Distrito Federal.
Joelma afirma não ser possível precisar a quantidade de oportunidades que as quatro novas escolas podem abrir, mas estima uma média de 500 estudantes a mais por unidade.
“A educação profissional qualifica o estudante para o mundo do trabalho. Temos jovens que já saem do Ensino Médio com formação profissional e visão diferente para atuar na área que desejam. Eles conseguem aplicar essa educação a um emprego e isso motiva um jovem”, exalta a diretora Joelma Bomfim.
Avaliação mercadológica
Segundo ela, a implantação das escolas depende de uma avaliação mercadológica da região a ser contemplada. “No Guará, por exemplo, foi feito um estudo dentro dos arranjos produtivos locais para saber a tendência da região quanto ao mercado e qual a demanda que ela exige. A partir daí, apontamos os cursos técnicos adequados para aquele lugar”, explica a diretora da Educação Profissional.
Esses benefícios, porém, parecem distantes dos moradores de Brazlândia, Paranoá e Santa Maria. Até algo virar concreto sobre o chão e depois uma sala sobre uma estrutura, talvez demore mais quatro anos. Sem previsão oficial e considerando a situação financeira restritiva do Governo do Distrito Federal, o que resta é esperança
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