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Escultura gigante de Marielle Franco é exibida no Rio

Foi apresentada nesta segunda-feira (28), no campus principal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), uma escultura gigante com 11 metros de altura que mostra a imagem da vereadora Marielle Franco.
Essa homenagem foi realizada um dia depois do aniversário da vereadora, assassinada em 2018, e teve a presença da família de Marielle.
A obra foi feita pelo artista performático Paulo Nazareth utilizando madeira, metal e alumínio, e está incluída no evento conhecido como Julho das Pretas, que visa combater a discriminação racial e promover a justiça social.
A mãe de Marielle, Marinete da Silva, comentou sobre o tamanho da escultura, comparando-a a um prédio de quase quatro andares.
“Ver Marielle em tamanho tão imponente mostra o quanto ela tem sido gigante nesta luta, especialmente na educação e na busca por igualdade”, disse Marinete.
O pai da vereadora, Antonio Francisco da Silva Neto, mencionou que Marielle costumava participar de eventos na Uerj. A irmã dela, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, estudou na universidade, e a filha de Marielle, Luyara Franco, também é aluna da instituição.
“A Uerj é para nós um lugar sagrado que devemos sempre respeitar, pois é uma instituição de grande importância”, afirmou Antonio.
A filha de Marielle, Luyara Franco, que cursa educação física, vê a inauguração da escultura como uma celebração da vida da mãe, que além de política, foi mãe, filha e esposa.
“Muitas pessoas se inspiram e continuarão a se inspirar nela. Que a cada ano acadêmico as pessoas possam lembrar essa mulher batalhadora e referência para mim”, destacou Luyara.
Luyara é diretora-executiva do Instituto Marielle Franco, organização que preserva o legado da vereadora, que teria completado 46 anos.
A ministra Anielle Franco graduou-se em letras na Uerj, mas não esteve presente na inauguração devido a compromissos oficiais.
Marinete da Silva também ressaltou que além de defensora dos direitos humanos, Marielle teve uma trajetória marcada por seu ativismo pela educação.
“Marielle veio da periferia, da favela, e é vista como uma verdadeira mestra da periferia. Sua ligação com a educação, especialmente com a comunidade da Maré, onde nasceu e cresceu, é muito significativa”, afirmou Marinete.
O pró-reitor de Assistência Estudantil da Uerj, Daniel Pinha, representou a reitoria no evento e declarou:
“É uma grande honra para nossa universidade receber uma estátua que perpetua a memória e as lutas de Marielle, cujo valores são fundamentais para a educação”.
O estudante de educação física e líder do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Matheus Balo, associou a imagem de Marielle ao compromisso da universidade com a inclusão, através de políticas de cotas e bolsas de estudo.
“Nossa universidade valoriza os estudantes provenientes de comunidades periféricas, negros e negras, permitindo que eles não só ingressam, mas também se formem. Assim, várias sementes do legado de Marielle estão sendo plantadas aqui”, disse Matheus.
A Uerj conta atualmente com mais de 32 mil alunos em graduação e pós-graduação, reservando 45% das vagas para minorias como negros, quilombolas, indígenas e pessoas com deficiência.
A escultura ficará no campus por pelo menos um ano, em regime de comodato. Criada em 2021 para a 34ª Bienal de São Paulo, a obra faz parte da série Corte Seco, composta por peças grandes que representam figuras negras.
O Julho das Pretas também incluiu a 11ª Marcha das Mulheres Negras, realizada em Copacabana, e o Festival Latinidades, em Brasília.
Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, foram mortos a tiros em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro. Investigações apontaram o ex-vereador e atual deputado cassado Chiquinho Brazão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, como mandantes do crime. Eles são réus no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em outubro de 2024, dois executores do assassinato, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, foram condenados pela Justiça do Rio de Janeiro. Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos, recebeu uma sentença de 78 anos, 9 meses e 30 dias; Élcio, que dirigia o veículo, foi condenado a 59 anos, 8 meses e 10 dias.
Além disso, em maio do ano anterior, o ex-policial militar Rodrigo Ferreira (conhecido como Ferreirinha) e a advogada Camila Nogueira foram condenados por obstrução da Justiça, por dificultar as investigações ao fornecer informações falsas.
Os dois receberam pena de quatro anos e meio de prisão em regime fechado. Ferreirinha havia acusado falsamente o miliciano Orlando Curicica e o então vereador Marcello Siciliano de planejar o assassinato, conforme relatório da Polícia Federal.
Ferreirinha trabalhou como segurança de Orlando Curicica e teme represálias após romper com a milícia do ex-chefe.
Outro suspeito, o ex-bombeiro Maxwell Simões Correia (ou Suel), preso, teria entregue o carro usado no crime para desmanche, estando relacionado com milícias.
Em setembro de 2024, o dono do ferro-velho onde o veículo foi desmanchado, Edilson Barbosa dos Santos (apelidado Orelha), também foi condenado pela Justiça do Rio.

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