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Especialistas divergem quanto ao impacto do uso do lago no abastecimento da população

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Caesb obtém licença para instalar sistema de captação inédito no reservatório. Investimento foi estimado em R$ 465 milhões e divide opiniões quanto aos danos ambientais que o empreendimento pode ocasionar

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A novela da instalação de um sistema de captação de água no Lago Paranoá, que se arrasta desde 2005, está perto do fim. A polêmica, no entanto, promete render novos capítulos sobre a utilização do reservatório no abastecimento da população.

A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) obteve do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) a licença de instalação do Sistema Produtor de Água do Paranoá — a primeira para abastecimento de regiões do DF. No entanto, especialistas se dividem sobre o impacto ambiental que a medida terá no ecossistema da capital.

Segundo Eulália Machado de Carvalho, superintendente aposentada do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), outras soluções poderiam ter sido adotadas sem intervenções no Lago Paranoá. “É preciso muito cuidado ao analisar essa questão. Não sei se a medida é a única saída viável para evitar o desabastecimento no DF. Foram feitos vários estudos no passado e existia um projeto para instalar pontos de captação de água em diversos locais do DF, sem que o lago fosse afetado”, explica. “Qualquer ação como essa em uma cidade com um histórico de nascentes aterradas — como é o caso de Brasília — traz certa preocupação”.Previsão
De acordo com o Executivo local, o novo sistema deve abastecer aproximadamente 600 mil pessoas em regiões como Sobradinho I e II, Planaltina, Itapoã, São Sebastião, Lago Norte e Grande Colorado. O investimento será de R$ 465 milhões, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) — programa do Ministério do Planejamento para execução de grandes obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética do país.

As obras terão início assim que terminar o processo licitatório, o que deve ocorrer no início do próximo ano, e vão durar cerca de três anos, segundo a Caesb. Com isso, a captação deve começar somente em 2018. A companhia informa que já havia conseguido a licença para recolhimento, e reforça que o projeto não comprometerá o nível do espelho d’água, item que foi alvo de polêmicas nos últimos anos.

“A principal questão que foi levantada quando a discussão teve início foi sobre a redução da cota do lago, mas o volume de uso autorizado pela Caesb está bem abaixo do que a barragem costuma perder mesmo na época mais seca. Não há riscos para o nível do Lago Paranoá”, assegura Luiz Rios, superintendente do Ibram. “Outra preocupação era com a qualidade da água, se ela era própria para o consumo, mas as análises comprovaram que os micropoluentes estão dentro dos padrões.”

A intenção é que o sistema do Lago Paranoá capte até 2,1 m³/s, inicialmente, e 2,8m³/s em uma segunda fase — limite que, de acordo com a companhia, foi analisado e aprovado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa).

Para atender à população nos próximos anos, só há três alternativas: o São Bartolomeu, que é onde deságua o Paranoá; o Corumbá IV e o próprio Lago Paranoá. Delas, o lago é a que tem a melhor qualidade e o preço mais baixo de água, visto que fica mais próximo das regiões abastecidas. O sistema desafogará a demanda também em regiões que não serão diretamente abastecidas por ele

Luiz Rios, superintendente do Ibram

O projeto prevê a construção de uma estação de captação próxima à Barragem do Paranoá, uma Estação de Tratamento de Água (ETA) no Parque Bernardo Sayão, além de 44,5 quilômetros de tubulações para transportar o líquido. Nove reservatórios serão construídos ou ampliados nas seguintes localidades: Itapoã, Paranoá, Colorado, Sobradinho, Lago Sul, Jardim Botânico, São Sebastião, Mangueiral e Tororó — medida que deve aliviar os problemas de abastecimento registrados em algumas regiões do DF.

Início do projeto
A alternativa de utilizar o Lago Paranoá como fonte de abastecimento de água começou a ser estudada em 2005, quando a Caesb atingiu a vazão de captação de 8m³/s em dois de seus principais sistemas — Rio Descoberto e Santa Maria/Torto — e o crescimento demográfico já apontava para um aumento significativo de demanda futura.

Atualmente, a companhia trabalha na conclusão de outras duas estações: a de Corumbá, que está em obras e terá capacidade inicial de 2,8 m³/s e de 5,6 m³/s, numa segunda etapa; e a do Ribeirão Bananal, que será colocada em licitação novamente em 2016, com capacidade para até 0,75 m³/s.

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