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Especialistas prevêem agravamento no abastecimento de água em Grande São Paulo

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Especialistas indicam que há grande probabilidade de que o fornecimento de água piore nos meses vindouros, devido à seca que atinge os reservatórios responsáveis pelo abastecimento da Grande São Paulo, especialmente o Sistema Cantareira. A recuperação desses reservatórios durante o período das chuvas será crucial para determinar a situação em 2026.

Amauri Pollachi, coordenador do Observatório dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas), destaca que o atual cenário configura uma crise hídrica que tende a se repetir com maior frequência e intensidade, como consequência das mudanças climáticas.

Pollachi ressalta que um indicador de armazenamento abaixo de 30% ao final da temporada de chuvas indicaria uma escassez de água para a população em 2026, antecipando um processo de esvaziamento acelerado dos reservatórios.

Apesar do encerramento do período seco em outubro, o Sistema Cantareira não apresentou recuperação significativa, caindo de 28,1% para 20,4% até o fim de dezembro. Além do Cantareira, os reservatórios do Alto Tietê, Guarapiranga e Rio Grande também apresentam níveis preocupantes, superiores aos registrados em janeiro de 2014.

Pollachi menciona que, ao contrário da década passada, quando o estado controlava diretamente os sistemas com uma empresa pública, atualmente a gestão privada da Sabesp prioriza o lucro, o que dificulta a atuação em situações de crise.

Uma medida importante adotada na crise anterior foi a criação da tarifa de contingência, que incentivou a redução do consumo de água. O especialista alerta que o racionamento deve ser implementado preventivamente e não apenas como último recurso.

Paralelos com a crise de 2013/2014

Antônio Carlos Zuffo, professor da Unicamp e especialista em gestão de recursos hídricos, compara o atual período ao verão de 2013/2014, caracterizado por condições climáticas similares e um padrão climático crítico que se repete a cada aproximadamente 11 anos (Ciclo de Schwabe).

Ele observa que em 2014 o Sistema Cantareira iniciou o ano com cerca de 24,7% de armazenamento, e atualmente está próximo de 20,8%. O fenômeno La Niña, que resfria as águas do Pacífico Equatorial e está ativo desde outubro, tende a persistir até o início de 2026, reduzindo as chuvas na região Centro-Sul do Brasil, o que prejudica a recuperação dos reservatórios.

Diferentemente do período anterior, a utilização do volume morto — um recurso emergencial de armazenamento — ainda não foi necessária, mas pode ser acionada caso a recuperação hídrica fique abaixo de 20% até o fim do verão.

Zuffo explica que, considerando o consumo de 40% do volume do Sistema Cantareira nos últimos meses, uma recuperação insuficiente durante esta estação comprometerá seriamente a disponibilidade de água em 2026.

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