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Estados Unidos não querem negociar tarifas, diz Celso Amorim

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O assessor para assuntos internacionais do presidente da República, embaixador Celso Amorim, declarou que o governo dos Estados Unidos não demonstra interesse em negociar as divergências comerciais apontadas pelo presidente americano, Donald Trump.

“Eles não desejam negociar”, afirmou Amorim durante audiência pública nesta quarta-feira (20) na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

Para Amorim, ao impor sobretaxas a mais de cem países, os EUA colocam em risco o sistema multilateral de comércio, criado após a Segunda Guerra Mundial, por meio de diversos acordos que estabeleceram regras globais para o comércio internacional.

“Estamos vivenciando uma disputa comercial com os Estados Unidos — que no caso do Brasil tem características específicas — mas o mais grave é que o sistema multilateral de comércio está sendo ameaçado”, explicou Amorim, destacando que o mundo passa por um momento de mudanças profundas na ordem internacional.

Amorim ressaltou a importância dos acordos multilaterais, como o Gatt e a OMC, que visam regular o comércio global. Ele ressaltou que quando uma potência impõe tarifas unilateralmente, isso desorienta o comércio mundial.

O embaixador também criticou a postura dos EUA em relação ao Brasil, que sofre prejuízos devido a questões político-ideológicas. “Não podemos aceitar que o comércio internacional funcione pela lei do mais forte”, enfatizou.

“É fundamental entender que esta não é uma disputa comercial comum entre Brasil e Estados Unidos. O caso brasileiro é único, pois mistura questões comerciais com política interna”, ressaltou Amorim, mencionando a Ordem Executiva estadunidense de 30 de julho, que justifica o aumento das tarifas sobre produtos brasileiros com base em processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Amorim lembrou que, antes da publicação oficial da Ordem Executiva, Donald Trump enviou uma carta crítica ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vazou antes mesmo de ser recebida pelo presidente brasileiro. Ele classificou esse ato como um desrespeito às normas diplomáticas.

“Em mais de 60 anos de carreira diplomática, nunca presenciei uma ação como essa, onde uma carta foi tornada pública antes de chegar ao destinatário, e ainda misturando política interna com questões comerciais”, afirmou Amorim, que reafirmou a disposição do Brasil para o diálogo.

“Não queremos romper relações com os EUA e não tomamos nenhuma atitude hostil. Tentamos sempre negociar. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a agendar uma conversa telefônica com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, mas ela foi cancelada por interferências externas”, concluiu Amorim.

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