Centro-Oeste
Estátua de bronze de Oscar Niemeyer é inaugurada na Casa de Chá
A inauguração da estátua em tamanho real de Oscar Niemeyer, na Casa de Chá, situada na Praça dos Três Poderes em Brasília, reuniu nesta segunda-feira (15/12) autoridades, representantes culturais, familiares do arquiteto e o artista responsável pela obra, justo no dia em que o arquiteto completaria 118 anos.
A homenagem ocorre em um local simbólico para a capital do país e para a trajetória de Niemeyer: a Casa de Chá, projetada pelo próprio arquiteto, foi idealizada como um espaço para pausa, convivência e contemplação no coração de Brasília.
Atualmente administrada pelo Senac-DF como café-escola, a casa já recebeu cerca de 250 mil visitantes em 18 meses, conforme balanço apresentado durante o evento.
Para o diretor regional do Senac-DF, Vitor Corrêa, a instalação da escultura está diretamente relacionada ao sonho do arquiteto para esse espaço. “Esse projeto foi um sonho do próprio Niemeyer, que imaginava a Casa de Chá como um restaurante na Praça dos Três Poderes, um lugar de encontro e descanso. Hoje, as pessoas podem desfrutar desse sonho e agora contar com a presença dele aqui, para uma foto, mantendo esse legado vivo”, disse.
Vitor Corrêa explicou que a obra foi criada como um monumento móvel, o que facilita sua realocação para diversos locais. “Ela pode ficar em áreas internas, externas, cobertas, ou em qualquer região administrativa do Distrito Federal. Pode ser levada para unidades do Senac ou parcerias com o poder público”, complementou.
Produção da obra
O artista Léo Santana, responsável pela escultura, relatou o processo de pesquisa e criação da peça. Ele destacou que o convite o emocionou devido aos pontos comuns entre sua trajetória e a expressão artística de Niemeyer.
“Assim como Niemeyer, trabalho com tridimensionalidade. Retrato poetas, músicos e pessoas de outras áreas artísticas, e agora estou reproduzindo alguém que também pensava em volume, forma e espaço”, contou.
Ele detalhou o processo até definir a imagem final, que envolveu extensa pesquisa fotográfica. “Fiquei em dúvida entre duas fotos, mas escolhi aquela em que ele parecia mais descontraído, sentado em um banco que foi também um projeto dele. Não adicionei nenhum outro elemento; ele simplesmente chegou, sentou e a cena está feita”, explicou.
Léo Santana optou por representar Niemeyer em uma fase mais jovem, relacionada ao período de criação de Brasília. “Na foto final, ele já era mais velho, mas quis trazer um momento em que estava mais ativo, durante a elaboração de Brasília”, afirmou.
A confecção da peça em bronze levou cerca de quatro meses desde o início da produção.
Família de Niemeyer
Presente na cerimônia, Cadu Niemeyer, neto do arquiteto e administrador do escritório Oscar Niemeyer, acompanhou o projeto desde o início e colaborou com os ajustes finais da escultura. “O Vitor me procurou com a ideia do projeto. Tive contato com o artista para corrigir detalhes, como sobrancelhas e outras pequenas diferenças”, relatou.
Segundo ele, o resultado superou as expectativas. “Foi uma emoção enorme. Só tenho a agradecer ao Vitor, ao Adalberto e a toda a equipe de Brasília envolvida. Tenho certeza de que meu avô ficaria muito satisfeito com essa homenagem”, disse.
Cadu Niemeyer ressaltou seu compromisso em preservar o legado do arquiteto, destacando o esforço constante para manter viva a obra e a memória cultural do avô. “É um trabalho contínuo. Tentamos preservar não apenas a arquitetura, mas também a memória cultural dele”, afirmou.
O papel do Arquivo Público do Distrito Federal
O evento contou ainda com a presença do superintendente do Arquivo Público do Distrito Federal, Adalberto Scigliano, que enfatizou o valor simbólico da homenagem. “Digo que é um reencontro de Niemeyer com sua obra”, comentou.
Ele destacou que o Arquivo Público possui um dos maiores acervos relacionados ao arquiteto, com quase 10 milhões de documentos.
Adalberto ressaltou que iniciativas como essa despertam a curiosidade das novas gerações. “Muitas crianças hoje não conhecem Niemeyer. Recebemos visitantes de todo o mundo interessados na história de Brasília, e ações como essa ajudam a reavivar a importância do arquiteto”, avaliou.
Diálogo com o Iphan
Durante o evento, Vitor Corrêa comentou sobre a vistoria realizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na manhã da inauguração.
Ele explicou que o Senac protocolou a documentação técnica e está em comunicação com o órgão. “O Iphan é parceiro da Casa de Chá desde o início do projeto do café-escola. Qualquer requisito será cumprido, sempre respeitando a preservação do patrimônio histórico”, afirmou.
Vitor reforçou que a escultura é móvel e está fixada no mobiliário da Casa de Chá, o que possibilita ajustes conforme orientações técnicas. “Estamos negociando e esperamos uma resposta ainda nesta semana”, concluiu.

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