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Estudo da USP une “bigdata” a projeto-piloto de entrega noturna em São Paulo
Os caminhões que fazem entrega noturna em São Paulo são até três vezes mais rápidos e eficientes do que os que rodam durante o dia. Um pesquisa inédita da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos Estados Unidos, também descobriu que segunda-feira é o dia com menos caminhões em circulação em várias capitais do país, como Recife.
Os dados já estão sendo analisados pela Prefeitura paulistana, que pode implantar de vez a entrega noturna na cidade: uma alternativa para desafogar o trânsito nos horários de pico. A medida traz outros benefícios, como custos mais baixos de entrega, menos congestionamento, menos poluição e menos emissão de gás de efeito estufa, avalia Claudio Barbieri da Cunha, professor de Engenharia de Tráfego da USP.
Você já ouviu falar do termo “Big Data”? É um conceito aplicado para analisar os dados gerados durante o nosso trajeto e o padrão das nossas escolhas, também por meio da geolocalização. No estudo, tudo isso permitiu traçar um perfil do comportamento dos caminhões que passam por São Paulo.
Os pontos vermelhos no mapa mostram os caminhões que circulam abaixo de 56km/h durante o dia. Os azuis, raríssimos, os que conseguem rodar acima disso.
“Ele (caminhões) de fato conseguem fazer mais entregas em menos tempo. Por outro lado, entendemos que a característica da cidade que precisa dormir não aceita entregas noturnas como medida generalizada para qualquer estabelecimento. Entendemos que o caminho são os grande recebedores de carga, grandes locais com grande fluxo de caminhão e estrutura própria para receber de madrugada sem incomodar a vizinhança”, sugere o professor Barbieri.
Isso também pode ser traduzido em cifras.
“O transportador ganha porque consegue ter maior produtividade em seu equipamento. O caminhão é uma máquina, então temos que operar a máquina no maior tempo possível durante o dia. O que é preciso fazer é mudar a tripulação”, ressalta Tayguara Helou, presidente do Sindicato das empresas de transporte de São Paulo (Setcesp). “O próprio motorista se sente mais seguro de operar durante a noite do que durante o dia, por incrível que pareça, porque o trânsito é muito mais complicado do que a falta de segurança público durante a noite”, entende Helou, destacando que o ideal é fazer uma “operação vigiada” por onde o veículo entra.
Mas o quesito segurança não é um consenso. “Durante o dia você já tem muito assalto; imagina à noite”, diz o caminhoneiro Laerte Lima. “O lugar em si pelo qual o caminhão entra vai ter segurança e o caminhão vai entrar, mas e o trajeto para chegar até lá? Isso que complica”, pondera.
Os roubos de carga registrados no Estado de São Paulo cresceram quase 30% em novembro passado, batendo um recorde histórico.
Outra questão são os custos trabalhistas com adicional noturno que, na teoria, seriam absorvidos pela economia com combustível, por exemplo.
O estudo também aponta que a falta de estrutura da cidade para lidar com o aumento da demanda de serviços de delivery só piora o cenário.
Apesar da crise, as vendas pela internet devem crescer 15% neste ano, por exemplo. E nessa entrega de porta em porta, o caminhoneiro encontra uma porção dilemas. “Mesmo pedindo pela internet, somos nós que levamos”, lembra a motorista Ana Maria Machado. “Depois que colocaram aquela faixa de ciclistas, fica mais difícil ter acesso ao cliente, não tendo lugar para parar”, diz. “A gente tem que parar numa rua vizinha”. Estacionar também é um problema para o motorista Luiz Balbino. “O tempo para nós é muito importante e a gente perde meia hora, às vezes até uma hora dependendo do local”.
Um projeto piloto de entregas noturnas feito pela prefeitura de São Paulo em parceria com a escola Politécnica da USP foi considerado bem sucedido pela administração de Fernando Haddad em 2014.
Mas a atual gestão ainda não definiu qual será a política de transportes adotada nos próximos quatro anos.
Reportagem Jovem Pan de Carolina Ercolin
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