Saúde
Estudo sugere que portadores do gene APOE4 têm risco certo de ter Alzheimer
Pesquisa aponta nova classificação genética para a doença e pode trazer formas alternativas de tratamento
Pessoas que possuem duas cópias do gene APOE4 têm risco quase garantido de desenvolver Alzheimer e tendem a manifestar sintomas mais cedo, de acordo com um estudo divulgado nesta segunda-feira, 6, que pode redefinir esses portadores como tendo uma forma genética da doença.
A reclassificação poderia alterar a pesquisa, o diagnóstico e os tratamentos relacionados ao Alzheimer, segundo os pesquisadores, cujo estudo foi publicado na renomada revista científica Nature Medicine.
O coautor do estudo, Sterling Johnson, do Centro de Pesquisa de Alzheimer da Universidade de Wisconsin, disse à Reuters que os dados indicam uma forma genética da doença, não apenas um fator de risco.
O estudo teve acesso a mais de 3.000 cérebros doados ao Centro Nacional de Coordenação de Alzheimer dos Estados Unidos, bem como dados biológicos e clínicos de mais de 10.000 pessoas de três países.
Com a análise, se obteve o dado que indicando que, aos 65 anos, pelo menos 95% das pessoas com duas cópias do gene apresentavam níveis anormais de uma proteína associada ao Alzheimer em seu fluido espinhal, e 75% tinham exames cerebrais positivos para amiloide, as fibras celulares que causam dano ao cérebro.
As descobertas podem impactar tratamentos aprovados recentemente, como o Leqembi, da Eisai e da Biogen, que remove amiloide do cérebro. Pacientes com duas cópias do gene apresentam taxas mais altas de sangramento cerebral e inchaço associados ao tratamento. Por isso, alguns centros evitam tratar esses pacientes.
A pesquisa ressalta a necessidade de incluir portadores de duas cópias do gene em testes para prevenir a doença antes que os sintomas se desenvolvam.
Mas o estudo não excluí a existência de outras formas genéticas de Alzheimer, como o autossômico dominante, causado por mutações em três genes diferentes, e o decorrente da síndrome de Down.
Uma limitação do estudo é que a maioria dos participantes era de ascendência europeia. Logo, mais pesquisas são necessárias em pessoas de ascendência africana, nas quais o gene parece apresentar menor risco de Alzheimer.
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