EUA atacam barcos de drogas no Caribe e matam ao menos 70 pessoas

Um novo ataque dos Estados Unidos contra outra embarcação suspeita de transportar drogas no Caribe resultou na morte de três pessoas na quinta-feira (6), conforme informado pelo chefe do Pentágono, Pete Hegseth. Com isso, o total de mortos na campanha dos EUA contra o narcotráfico em águas internacionais chega a no mínimo 70.

Os ataques tiveram início em setembro, focando barcos em áreas do Caribe e do Pacífico leste. Porém, alguns especialistas alertam que essas ações podem ser vistas como execuções sem julgamento, mesmo quando miram traficantes já conhecidos.

Pete Hegseth divulgou imagens aéreas do novo ataque em sua rede social X, esclarecendo que ele ocorreu em águas além das fronteiras nacionais e teve como alvo um barco operado por um grupo designado como terrorista.

O vídeo publicado mostra o barco navegando antes de ser destruído por uma explosão e pegando fogo.

“Continuaremos a atacar embarcações ligadas a narcoterroristas até que parem de envenenar o povo americano”, afirmou Hegseth.

Ele também informou que três homens associados ao narcotráfico que estavam a bordo morreram, sem fornecer mais informações.

Desde o início da operação, os Estados Unidos destruíram ao menos 18 embarcações: 17 barcos e um semi-submersível. Contudo, até agora não divulgaram provas de que esses alvos fossem narcotraficantes ou que oferecessem ameaça direta ao país.

“A todos os narcoterroristas que ameaçam nossa nação: parem de traficar drogas se querem continuar vivos. Caso contrário, seremos implacáveis”, relembrou o chefe do Pentágono.

A administração do presidente Donald Trump reposicionou tropas na América Latina para combater o tráfico de drogas, enviando seis navios ao Caribe, caças F-35 para Porto Rico e ordenando que o grupo de ataque do porta-aviões USS Gerald R. Ford siga para a região.

Além disso, as forças americanas realizaram demonstrações de poder próximas à Venezuela, com voos frequentes no mar do Caribe adjacente à costa do país desde meados de outubro.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusa Trump de tentar derrubar seu governo. Maduro, que é acusado pelos EUA de estar envolvido com tráfico de drogas, afirma que seu país não possui plantações de drogas.

Conflito armado

O governo dos Estados Unidos notificou o Congresso sobre seu envolvimento em um conflito armado com cartéis latino-americanos de drogas.

Os cartéis foram classificados pelo governo republicano como grupos terroristas para justificar os ataques militares.

Por outro lado, autoridades governamentais e familiares das vítimas americanas denunciam que várias pessoas que morreram eram civis inocentes, principalmente pescadores.

Volker Turk, chefe da área de Direitos Humanos da ONU, destacou que as mortes ocorreram em situações que não estão de acordo com o que prevê o direito internacional.