EUA criticam prisão de Bolsonaro e atacam Moraes

O vice-chefe da diplomacia dos Estados Unidos novamente criticou Alexandre de Moraes após o ministro do Supremo Tribunal Federal ordenar a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste sábado. Christopher Landau, número dois do secretário de Estado americano, Marco Rubio, chamou a detenção do ex-presidente de “provocativa e desnecessária” e declarou que os EUA estão “profundamente preocupados” com o que qualificou como “um ataque” à estabilidade política no Brasil.

A decisão de Moraes destaca que a tornozeleira eletrônica usada por Bolsonaro foi violada logo após a meia-noite do sábado. Além disso, menciona uma vigília convocada para aquela noite pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em frente ao condomínio do ex-presidente. O ministro considerou que havia risco de fuga e eliminou a possibilidade de manter a prisão domiciliar.

No Twitter, Landau criticou Moraes novamente, chamando-o de “um violador dos direitos humanos sancionado”, referindo-se à sanção financeira aplicada contra o ministro pela Lei Magnitsky. A embaixada dos Estados Unidos no Brasil compartilhou a mensagem.

“O ministro Moraes, um violador dos direitos humanos sancionado, trouxe descrédito e vergonha internacional ao Supremo Tribunal Federal do Brasil ao desrespeitar as normas tradicionais de contenção judicial e politizar descaradamente o processo judicial. Os Estados Unidos estão profundamente preocupados com seu mais recente ataque ao Estado de Direito e à estabilidade política no Brasil: a prisão provocativa e desnecessária do ex-presidente Bolsonaro, que já se encontrava em prisão domiciliar sob forte vigilância e com restrição severa de comunicação. Não há nada mais perigoso para a democracia do que um juiz que não reconhece limites para seu poder”, declarou Landau em sua mensagem.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também comentou a prisão do ex-presidente Bolsonaro, classificando-a como “uma pena” durante uma coletiva de imprensa. Embora tenha inicialmente demonstrado confusão, após esclarecimentos, afirmou que conversou recentemente com a pessoa referida e que pretende encontrá-la em breve, sem deixar claro se se referia a Bolsonaro ou ao presidente Lula.

Em outubro, durante um encontro com Lula em Kuala Lumpur, Malásia, à margem da 47ª Cúpula da ASEAN, Trump afirmou que sempre apreciou Bolsonaro. “Sinto muito pelo que aconteceu com ele. Sempre achei que ele fosse direto, mas passou por muitas dificuldades”, disse Trump ao elogiar o ex-presidente, condenado por trama golpista, diante de Lula.

Na última quinta-feira, a decisão do presidente americano de retirar a tarifa adicional de 40% sobre produtos agrícolas brasileiros provocou um embate de narrativas entre o governo federal brasileiro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente licenciado e nos Estados Unidos, que havia atuado junto à administração americana para a imposição de sanções ao país e suas autoridades.

Enquanto o governo brasileiro atribuiu a retirada das tarifas sobre produtos como café e carne à atuação diplomática e ao presidente Lula, Eduardo Bolsonaro minimizou a participação do Itamaraty, afirmando que a decisão resultou de fatores internos dos Estados Unidos.

O decreto assinado por Trump mencionou o progresso nas negociações iniciadas com Lula na Malásia, sem citar o ex-presidente Bolsonaro. Para membros do governo, a menção explícita a Lula representa uma vitória do atual governo. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou o evento como um triunfo para Lula.

“Lula soube dialogar com seriedade e firmeza com Donald Trump, demonstrando ser um verdadeiro líder. Foi uma vitória para o Brasil e uma grande derrota para os traidores da pátria, Jair e Eduardo Bolsonaro, assim como para aqueles que comemoraram o aumento nas tarifas contra o país, como o governador Tarcísio de Freitas e outros”, afirmou a ministra em suas redes sociais.