Economia
EUA devem voltar a comprar carne do Brasil após ajuste de tarifa

Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), destacou que os Estados Unidos ainda dependem da carne bovina do Brasil e devem aumentar as importações assim que as tarifas adicionais forem revisadas.
Em evento em São Paulo, Perosa comentou que a tarifa extra de 50% prejudicou a competitividade brasileira, mas não eliminou a demanda americana.
Ele afirmou que o Brasil exporta diferentes cortes para mercados variados, consolidando-se como um fornecedor estratégico. Por exemplo, cortes usados na bresaola vão para a Itália, o dianteiro para a China e partes do dianteiro utilizadas em hambúrgueres são enviadas aos Estados Unidos.
A carne brasileira é mais magra e limpa, essencial para a composição industrial americana, que mistura carne local mais gordurosa com a importada para atender ao padrão interno.
Os EUA enfrentam o menor ciclo pecuário em 75 anos, com cerca de 80 milhões de cabeças de gado, comparado a 100 milhões em períodos normais. Por isso, recorrem ao Brasil, único país com volume e regularidade para suprir essa demanda.
Até julho, o Brasil exportou 200 mil toneladas de carne bovina para os EUA, o mesmo volume previsto para todo o ano de 2024. A expectativa era dobrar esse número até dezembro, mas a tarifa total de 76% inviabilizou parte das exportações. Ainda assim, alguns cortes competitivos continuam sendo enviados, cerca de 10 mil toneladas no último mês.
A indústria brasileira redirecionou rapidamente suas vendas para a Ásia e o Oriente Médio, mas perdeu um mercado altamente lucrativo. O mesmo corte vendido à China por 5,7 mil dólares a tonelada era negociado a 7,5 mil dólares nos EUA.
Perosa afirmou que a Abiec mantém diálogo com autoridades e parlamentares americanos e espera uma solução breve. Ele acredita que, com a revisão das tarifas, o comércio entre os países será retomado gradualmente.

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