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EUA podem revogar certificação antidrogas da Colômbia

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A Colômbia enfrenta a possibilidade de perder, nesta segunda-feira (15), a certificação anual concedida pelos Estados Unidos referente à sua luta contra as drogas ilegais, um indicador importante nas relações diplomáticas entre os dois países, especialmente diante da significativa mobilização militar dos Estados Unidos no Caribe.

Desde 1986, os EUA avaliam quase 20 países produtores e distribuidores de drogas, e a certificação é vital para a Colômbia, pois representa um auxílio financeiro anual de 380 milhões de dólares (equivalente a 2,03 bilhões de reais).

Daniel García-Peña Jaramillo, embaixador colombiano em Washington, afirmou recentemente que continuam trabalhando até o último momento para manter a certificação, destacando o compromisso firme do país com a luta antidrogas.

Autoridades como o comandante das Forças Armadas, almirante Francisco Cubides, e o diretor da Polícia, general Carlos Fernando Triana Beltrán, realizaram reuniões em Washington para tratar do assunto.

A revogação da certificação afetaria a cooperação entre as forças públicas colombianas e os Estados Unidos no combate a grupos criminosos como o cartel ‘Clan del Golfo’, guerrilhas do ELN e dissidentes das Farc que não cumpriram o acordo de paz de 2016.

Segundo o embaixador, caso ocorra a retirada da certificação, o impacto pode variar conforme as decisões do presidente norte-americano, pois a legislação estabelece múltiplas opções, que podem abranger áreas militares, de cooperação internacional ou outras medidas.

Histórico do Caso

A primeira vez que a Colômbia perdeu a certificação foi em 1996, quando o então presidente Ernesto Samper enfrentou acusações não comprovadas sobre financiamento ilícito de sua campanha pelo cartel de Cali.

Entre 2000 e 2018, os Estados Unidos destinaram à Colômbia mais de 10 bilhões de dólares (53,67 bilhões de reais na cotação atual) para ações militares, sociais e de erradicação de cultivos ilícitos, consolidando-se como principal parceiro comercial e militar do país.

Desde 2022, o presidente Gustavo Petro promove uma nova estratégia na guerra contra as drogas, considerando o método anterior um fracasso, e suspendeu a erradicação forçada da folha de coca, principal matéria-prima da cocaína.

O país tem registrado aumento contínuo na área de cultivo de coca e produção de cocaína. Atualmente, há 253.000 hectares de plantações ilegais e uma produção anual estimada em ao menos 2.600 toneladas, segundo balanço da ONU de 2023.

As relações diplomáticas entre o governo de Petro e o ex-presidente americano Donald Trump são tensas, em especial por críticas feitas pelo colombiano à política de deportação de migrantes dos EUA.

O crescimento da capacidade dos cartéis para produzir cocaína coincide com a pior crise de segurança vivida pela Colômbia desde a desmobilização das Farc, com ataques frequentes de guerrilheiros financiados também pela mineração ilegal, que têm causado danos às forças públicas e à população civil.

Para o governo, esses atos refletem o desespero dos grupos ilegais diante das operações para confiscar cocaína e recuperar territórios sob seu domínio.

Perto da decisão sobre a certificação, o ministro da Defesa, Pedro Sánchez, declarou que a perda impactaria negativamente, beneficiando os grupos ilegais e prejudicando as nações.

O presidente Petro classificou como uma provocação a recente movimentação de navios americanos no Caribe, que resultou na destruição de uma embarcação supostamente usada por traficantes e na morte de onze suspeitos.

Petro afirmou que a participação do governo colombiano na luta antidrogas é significativa, mas que está condicionada ao respeito ao direito internacional.

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