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Europa lança supercomputador poderoso para avançar na IA

A Europa revelou nesta sexta-feira (5), na Alemanha, o supercomputador mais veloz do continente, chamado Jupiter, que visa reduzir seu atraso no campo da inteligência artificial (IA) e ampliar sua capacidade de previsão climática.
Conheça as funções principais desse sistema, que possui um poder computacional equivalente ao de um milhão de smartphones.
O que é o Jupiter?
Jupiter é o primeiro supercomputador europeu de exaescala, localizado no Centro de Supercomputação de Jülich, no oeste da Alemanha. O termo ‘exaescala’ indica que ele pode realizar pelo menos um exaflop (unidade com 18 zeros) de cálculos por segundo.
“É como se 10 milhões de computadores portáteis comuns trabalhassem juntos simultaneamente, empilhados até 300 quilômetros de altura”, comparou o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, durante a cerimônia de inauguração.
O Jupiter está instalado em uma área de cerca de 3.600 metros quadrados – aproximadamente metade de um campo de futebol – repleta de estantes cheias de processadores, e opera com a força de 24.000 chips Nvidia, os preferidos pela indústria de IA.
A União Europeia cobre metade dos 500 milhões de euros (aproximadamente R$ 3,2 bilhões atualmente) necessários para desenvolver e manter o sistema nos próximos anos, enquanto a Alemanha financia o restante. Este enorme poder de processamento estará disponível para pesquisadores de diversas áreas e empresas para treinar seus modelos de IA.
“Jupiter representa um avanço significativo no desempenho da computação na Europa”, afirmou o diretor do centro de Jülich, Thomas Lippert, à AFP.
Como o Jupiter pode impulsionar a Europa na corrida da IA?
De acordo com Thomas Lippert, o Jupiter é o primeiro supercomputador europeu competitivo capaz de treinar modelos de IA, ajudando a Europa a recuperar o atraso em relação aos Estados Unidos e à China nesta área.
“Os Estados Unidos e a China lideram uma economia global impulsionada pela inteligência artificial”, disse Friedrich Merz, acrescentando que Alemanha e Europa podem superar esse atraso com este projeto pioneiro e histórico.
Um estudo da Universidade de Stanford publicado este ano mostrou que instituições dos EUA lançaram 40 modelos de IA considerados influentes em 2024, contra 15 da China e somente três da Europa.
Segundo Emmanuel Le Roux, chefe de computação avançada da Eviden, “é a maior máquina de inteligência artificial da Europa”.
O sistema foi desenvolvido por um consórcio formado pela Eviden e o grupo alemão ParTec.
José María Cela, pesquisador principal do Centro Nacional de Supercomputação de Barcelona, afirmou que o novo sistema é “muito significativo” para os esforços europeus no treinamento de modelos de IA.
“Quanto maior o supercomputador, melhor se tornam os modelos de IA desenvolvidos”, destacou.
Grandes modelos de linguagem (LLMs), como o ChatGPT da OpenAI e o Gemini do Google, são treinados com vastos conjuntos de textos. No entanto, o Jupiter, que utiliza chips Nvidia, ainda depende bastante da tecnologia americana.
Outras aplicações do Jupiter
Jupiter oferece uma grande variedade de usos. Pesquisadores planejam utilizá-lo para previsões climáticas mais detalhadas e de longo prazo, visando antecipar eventos extremos como ondas de calor.
Emmanuel Le Roux explicou que os modelos atuais simulam mudanças climáticas para a próxima década, mas com Jupiter poderá ser possível prever até 30 anos ou, em alguns casos, até 100 anos.
Também se espera estudar processos cerebrais de forma mais realista, ajudando no desenvolvimento de tratamentos para doenças como Alzheimer.
Além disso, o supercomputador é útil em pesquisas sobre transição energética, como simular o fluxo de ar em turbinas eólicas para aprimorar o projeto delas.
Consumo de energia
O Jupiter terá uma demanda média de energia de cerca de 11 megawatts, suficiente para abastecer milhares de residências ou uma pequena indústria.
Ele emprega hardware moderno e eficiente em termos energéticos, utiliza um sistema de resfriamento por água e o calor gerado será reaproveitado para aquecer prédios próximos, segundo o centro de Jülich.
Supercomputadores mais poderosos do mundo
Além do Jupiter, existem outros três supercomputadores de exaescala: El Capitan, Frontier e Aurora, todos localizados em laboratórios do Departamento de Energia dos EUA.
A China também possui supercomputadores de exaescala, porém seus desempenhos não são divulgados publicamente.
Os EUA contam com 175 supercomputadores, a China com 47, a Alemanha com 41 e o Japão com 39, que inclui o Fugaku, que liderou o ranking mundial entre 2020 e 2022 antes de ser superado pelos Estados Unidos.
Cinco dos dez supercomputadores mais potentes do mundo são europeus: Jupiter, na Alemanha; HPC6 e Leonardo, na Itália; Alps, na Suíça; e Lumi, na Finlândia.

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