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Evangélicos do DF se unem para ganhar força nas próximas eleições

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Além da Câmara dos Deputados e do Senado, alguns nomes cobiçam a concorrência para o Palácio do Buriti

 

Presidente regional do PRB, Wanderley Tavares (E) é nome forte na disputa pelo Buriti; Cristovam Buarque (C) pode se aliar a evangélicos na tentativa de reeleição ao Senado; Bispo Rodovalho (D) se destaca em pesquisas eleitorais, mas não definiu posicionamento

 

Em 2014, eles elegeram nove deputados distritais e cinco federais. De olho na corrida eleitoral de 2018, os planos são mais ambiciosos: aumentar a representação e alcançar o protagonismo dos cargos majoritários — Palácio do Buriti, Vice-Governadoria e Senado. Para cumprir a missão, os evangélicos inflamaram as negociações nos bastidores do cenário político do Distrito Federal. Nas últimas semanas, PRB, PSC e PHS intensificaram a aproximação com o senador Cristovam Buarque (PPS-DF). O Pros, do deputado federal e pastor Ronaldo Fonseca, flerta com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), em busca de reeleição. E, com o recente reforço da ex-deputada distrital Eliana Pedrosa, o Podemos ganhou uma moeda de troca nas conversas que envolvem as negociações relativas ao próximo pleito.

A força política do segmento é inegável. Há 830 mil evangélicos na capital, segundo dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) de 2016 — fatia que representa 30,8% da população. Para se ter noção do alcance, apenas os distritais religiosos eleitos angariaram o apoio de 160.353 eleitores no último pleito. O PRB emplacou o parlamentar mais bem colocado: Julio Cesar, com 29.384 votos. Agora, ele deve concorrer para o cargo de deputado federal.

Os planos do PRB, contudo, são mais amplos. Presidente do diretório regional, Wanderley Tavares é um nome forte na disputa pelo Executivo local. Para ampliar o domínio, o empresário busca encorpar a aliança firmada com PHS e PSC com um dos mais tradicionais nomes da política local: Cristovam Buarque. O cenário é favorável. O parlamentar do PPS enfrentará as urnas pela primeira vez sem o apoio petista (leia Memória) e busca um novo grupo político para tentar a reeleição ao Senado.

 

Alianças

O possível acerto, que contaria, ainda, com PHS e PSC, de Jair Bolsonaro, deve ser ampliado. O grupo mantém contato com PSD e Solidariedade, dos deputados federais Rogério Rosso e Augusto Carvalho, respectivamente. “O PRB está conversando com todos os partidos. A ideia é compor uma aliança cristã, com um grupo cuja unidade se dê pelas boas ideias”, pontuou Wanderley Tavares. O republicano também busca outros pré-candidatos ao Palácio do Buriti, como Jofran Frejat (PR), Izalci Lucas (PSDB) e Alírio Neto (PTB).

A coalizão cristã busca outros nomes com grande representação no segmento. O ex-deputado federal e fundador da Igreja Sara Nossa Terra, bispo Robson Rodovalho (PP), é sondado regularmente pelo grupo — e por várias outras prematuras coligações. Apesar de não confirmar sua candidatura, ele costuma aparecer bem posicionado nas pesquisas de intenções de votos.

Em 2006, conquistou o cargo de deputado federal, alcançando o apoio de evangélicos e da Igreja Católica. Enquanto o ex-parlamentar não define o posicionamento para as próximas eleições, a mulher dele, bispa Lúcia Rodovalho, torna-se alvo de grandes alianças. Um partido de direita chegou a oferecer a candidatura à Vice-Governadoria à líder evangélica.

 

Palanque

As siglas PRB, PSC e PHS ainda buscam uma aproximação com o Podemos, antigo PTN. A sigla da ex-deputada distrital Eliana Pedrosa mira uma vaga majoritária, com o intuito de usá-la como palanque para a campanha do pré-candidato ao Palácio do Planalto Álvaro Dias. “Queremos construir uma frente que assuma um compromisso com as bandeiras que o nosso partido defende. Entre elas, o respeito à família”, destacou o presidente do diretório regional, distrital Rodrigo Delmasso.

A legenda do parlamentar, entretanto, não fechou as portas para o PSB, de Rollemberg — Delmasso teve um encontro informal com o governador na semana passada. Ainda assim, as diferentes posições podem ser um empecilho para fechar o acordo. Neste ano, após o governador regulamentar, depois de 17 anos, a lei anti-homofobia, que prevê punições em casos de discriminação por orientação sexual, um movimento da frente evangélica, comandada pelo distrital, derrubou a legislação. Outro embate aconteceu quando o chefe do Palácio do Buriti anunciou uma portaria da Secretaria de Cultura que criava uma política cultural específica para lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais (LGBTI).

Nesse meio tempo, o partido socialista está mais próximo de fechar uma aliança com o Pros, de Ronaldo Fonseca. O deputado federal teve uma reunião com o governador no último dia 25 e deve encontrá-lo, novamente, na próxima semana. Nos bastidores, o entendimento é de que, atualmente, há maior possibilidade de a legenda fechar com o PSB do que com a frente evangélica.

830 mil
Quantidade de evangélicos no Distrito Federal, segundo dados de 2016 da Companhia de Planejamento do Distrito Federal
(Codeplan)


30,8%
Parcela da população de evangélicos


37,5%
Dos deputados distritais são evangélicos

62,5%
Dos deputados federais eleitos pelo DF integram a frente parlamentar evangélica do Congresso Nacional


Articulações

Partidos envolvidos na negociação

 
PRB
A sigla, comandada no Distrito Federal pelo pastor Wanderley Tavares, conta com a força da Igreja Universal do Reino de Deus. O nome do presidente do diretório regional é cotado para o Palácio do Buriti — oficialmente, ele não confirma que concorrerá ao cargo. Nome forte no segmento evangélico, o correligionário Egmar Tavares se colocou à disposição do partido para disputar qualquer posto. A legenda ainda lançará a deputado federal Julio Cesar, distrital mais votado nas últimas eleições.
PPS 
Sem ninho, o principal nome do partido, senador Cristovam Buarque, busca espaço no campo político. O parlamentar do PPS conversa diariamente com lideranças evangélicas e buscará o apoio de Rogério Rosso e Augusto Carvalho, presidentes das Executivas Regionais do PSD e do Solidariedade, respectivamente. O partido também se movimentará por cargos eletivos, com o nome da distrital Celina Leão para o posto de deputada federal.
PSC 
Sem grandes nomes para a disputa pelo Palácio do Buriti, Vice-Governadoria ou Senado, a sigla se movimenta para angariar apoio e conquistar cargos na Câmara dos Deputados e na Câmara Legislativa. Nas conversas, pesa o fato de o pré-candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro compor o time do partido. Uma eventual aliança significa força para campanhas por cargos eletivos e majoritários.
PHS 
O partido trabalha, a princípio, para integrar proporcionais de deputado federal e distrital. A disputa por cargos majoritários dependeria diretamente do tamanho da chapa e dos nomes envolvidos. Na Câmara Legislativa, a legenda é representada por Lira.
Podemos
Antigo PTN, o partido recebeu, no último mês, um nome tradicional no meio político: Eliana Pedrosa. A ex-deputada distrital e ex-secretária de Estado nas gestões de Joaquim Roriz e José Roberto Arruda deve entrar na disputa por um cargo majoritário, uma vez que o Podemos precisa de palanque em Brasília para promover a campanha pelo pré-candidato ao Palácio do Planalto Álvaro Dias.

MEMÓRIA

Sem apoio dos petistas

O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) enfrentará as urnas longe dos braços dos petistas pela primeira vez. Desde que apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o parlamentar virou alvo do PT. Uma reconciliação é considerada inviável. Na visão de eleitores e filiados ao Partido dos Trabalhadores, ele contradisse o histórico político, uma vez que foi governador do DF e senador pela legenda, além de ocupar o posto de ministro da Educação no mandato de Lula — Cristovam deixou a sigla após ser demitido do ministério, por telefone.

 Fonte:  Ana Viriato/Correio Braziliense

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