Evo Morales critica legitimidade das eleições na Bolívia

O ex-presidente Evo Morales, que não pôde concorrer nas eleições gerais realizadas neste domingo (17) e que tem um mandato de prisão emitido contra ele, afirmou que o voto nulo será predominante nas eleições, rejeitando um processo que considera ilegitimo.

Enfrentando uma grave crise econômica, cerca de 7,9 milhões de bolivianos têm o direito de votar para escolher entre oito candidatos que tentarão suceder o presidente Luis Arce e renovar o Congresso com 166 membros.

“Esta eleição mostrará que não é legítima”, declarou Morales após votar próximo a Lauca Eñe, uma pequena localidade central da Bolívia, onde seus apoiadores o protegem continuamente para evitar sua prisão.

“Pela primeira vez na história, se não houver fraude, o voto nulo será o mais votado”, disse o ex-presidente de esquerda (2006-2019).

Vestindo camisa branca e sandálias, Evo Morales votou enquanto dezenas de camponeses formaram um círculo humano para garantir sua segurança, conforme constatado por um repórter da AFP.

Não havia presença policial visível nas proximidades.

Primeiro presidente indígena da Bolívia, Morales buscava um quarto mandato, mas foi impedido pelo tribunal constitucional que proibiu múltiplas reeleições. Além disso, enfrenta uma ordem de prisão acusando-o da exploração de uma menor durante seu governo, acusação que ele nega.

“Desta vez vamos votar, mas não elegeremos ninguém”, afirmou Morales, que se afastou do partido oficialista Movimento ao Socialismo (MAS), partido pelo qual alcançou o poder, devido a desentendimentos com seu ex-ministro, Luis Arce.

Sem apoio político ou candidato aliado, Evo Morales fez campanha para o voto nulo, embora tal voto não tenha influência na contagem oficial, pois a autoridade eleitoral considera apenas os votos válidos.

Dois candidatos de direita, o empresário milionário Samuel Doria Medina e o ex-presidente Jorge Quiroga (2001-2002), competem intensamente pela presidência do país, que conta com aproximadamente 11,3 milhões de habitantes.

As pesquisas indicam a possibilidade de um segundo turno entre esses dois candidatos em 19 de outubro.