Centro-Oeste
Ex-assessora de Lira citada em escândalo da Odebrecht é alvo da PF
A recente operação realizada pela Polícia Federal colocou Mariângela Fialek, 51 anos, no centro de uma investigação sobre o desvio de recursos do chamado Orçamento Secreto. Na época, ela trabalhava como assessora do deputado federal Arthur Lira (PP-AL). Entretanto, esta não é a primeira vez que Mariângela aparece em controvérsias envolvendo seus trabalhos em gabinetes parlamentares.
Em 2014, quando ocupava cargo similar junto ao senador Romero Jucá (MDB), Mariângela enviou um documento preliminar relativo a um texto legislativo para a construtora Odebrecht ainda antes deste ser oficialmente apresentado aos parlamentares. Esse documento visava beneficiar a empresa em um dos maiores escândalos de corrupção do país. O e-mail foi encaminhado durante o segundo semestre de 2014, em meio à discussão das medidas provisórias 651 e 656, de interesse da construtora por tratarem de incentivos fiscais.
O Ministério Público informou que o conteúdo dizia respeito a modificações em um parecer para a medida provisória, discutidas entre executivos da Odebrecht e o senador do MDB. Outros e-mails também indicam que Jucá atuou como articulador para favorecer a empresa no Congresso. Posteriormente, Romero Jucá virou réu por corrupção e lavagem de dinheiro, acusado de ter recebido propina por meio de doações ao filho, relacionadas a essas MPs.
Mariângela Fialek é graduada em ciências jurídicas e sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e possui mestrado em direito do Estado pela Universidade de São Paulo (USP). Ela está na Câmara dos Deputados desde 2021, tendo ocupado cargos de destaque durante o mandato de Arthur Lira, como chefe da Assessoria Especial do Gabinete da Presidência e atualmente na liderança do Partido Progressista.
A ex-assessora é considerada peça-chave em um esquema de desvio de verbas do Orçamento Secreto, sendo fundamental para decisões sobre a destinação irregular dos recursos. A investigação revelou que nenhuma decisão sobre o uso dessas emendas acontecia sem sua aprovação. A operação Transparência cumpriu mandados de busca e apreensão baseados em investigações de crimes como peculato, falsidade ideológica e corrupção. Apesar disso, Arthur Lira não foi investigado diretamente.
Defensores de Mariângela afirmam que não há imputação de irregularidade funcional ou criminosa, e que o objetivo da operação foi obter informações sobre suas atividades relacionadas às emendas do Orçamento Secreto. Na época do esquema, ela era conhecida como “Tuca” e atuava diretamente na gestão das emendas que passavam pela Câmara, influenciando inclusive a distribuição em municípios do reduto eleitoral de Lira.
Enquanto a investigação mostra que Mariângela mantinha controle rigoroso sobre a distribuição das emendas, o processo era informal, com alterações feitas até mesmo em anotações manuscritas, comparadas pela própria como uma “conta de padaria”. Ordens sobre as alocações eram frequentemente dadas verbalmente.
De acordo com as investigações, o grupo passava pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), onde Mariângela era conselheira fiscal. Essa posição reforça as suspeitas de que ela gerenciava a alocação dos recursos em consonância com a presidência da Câmara. O esquema evidenciou uma complexa rede de decisões e movimentações de recursos públicos, sob sua coordenação.

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