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Ex-delegado morto tinha denúncia de fraude em licitação
Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil e ex-secretário do governo municipal em Praia Grande, foi assassinado a tiros de fuzil em 15 de setembro. Em seu notebook, foi encontrado um rascunho de denúncia ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) sobre suspeitas de fraude em licitações e lavagem de dinheiro envolvendo servidores municipais e empresários.
O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) considerou essencial investigar se a atuação funcional de Ruy Ferraz na prefeitura teve ligação com seu assassinato. A investigação revelou ainda que integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) participaram da execução, possivelmente contratados por terceiros. Em outubro, cinco servidores municipais foram alvo de mandados de busca e apreensão, incluindo Sandro Rogerio Pardini, subsecretário de Gestão e Tecnologia.
A investigação indica que o envolvimento do PCC seria uma retaliação pelas ações de Ruy Ferraz contra o grupo durante seu comando na Polícia Civil, entre 2019 e 2022. Em 2014, uma célula da facção criminosa já havia decidido sobre sua morte. Essa versão é confirmada pelo MPSP.
Funcionários da prefeitura deram depoimentos relatando que o ex-delegado vinha atuando agressivamente em áreas com processos administrativos sensíveis e licitações. Um engenheiro da prefeitura, Rodrigo Orlando, mencionou à polícia irregularidades em licitações em andamento. Outros funcionários dos setores de planejamento e tecnologia relataram que ele investigava fluxos importantes para controle dos gastos públicos.
O DHPP afirmou que Ruy Ferraz pode ter atrapalhado interesses suspeitos na administração municipal, motivando sua morte violenta. O MPSP denunciou oito pessoas pelo assassinato, incluindo acusação de homicídio qualificado, tentativas de homicídio, porte ilegal de armas, favorecimento e organização criminosa armada.
Segundo o MPSP, o crime foi planejado desde março de 2025, com roubo de veículos, aquisição de armamento e uso de imóveis para apoio logístico. A vítima foi emboscada ao deixar a Prefeitura de Praia Grande, foi perseguida e alvejada com fuzis por criminosos que após o ataque incendiaram um dos veículos usados na fuga.
Os denunciados são:
- Felipe Avelino da Silva (Mascherano): furtou o Jeep Renegade utilizado na ação, escondeu o veículo e colocou placas falsas. Impressões digitais dele foram encontradas no carro.
- Flávio Henrique Ferreira de Souza: associado ao Jeep Renegade furtado com Felipe, também tem digitais encontradas no veículo. Está foragido.
- Luiz Antonio Rodrigues de Miranda: participou do planejamento, usou imóveis de apoio e ajudou a ocultar armas. Foragido.
- Dahesly Oliveira Pires: transportou e escondeu fuzil, carregadores e munição após o crime para proteger os executores.
- Willian Silva Marques: disponibilizou sua casa em Praia Grande como esconderijo e depósito de armas, sabendo do uso ilícito.
- Paulo Henrique Caetano de Sales: participou da logística e esteve em imóveis usados como base. Está preso.
- Cristiano Alves da Silva: atuou na execução e logística, com antecedentes criminais. Está preso.
- Marcos Augusto Rodrigues Cardoso: recrutador e organizador do grupo, suposto membro do PCC com liderança no Grajaú, responsável por escalas e plano de fuga para o exterior.
A defesa dos acusados não foi localizada para comentar o caso.
A morte de Ruy Ferraz Fontes, registrada às 18h16 de 15 de setembro, foi um ataque rápido e coordenado. Após deixar a prefeitura, ele foi perseguido em seu carro e, mesmo tentando escapar, colidiu com dois ônibus. Os assassinos, que usavam armamento pesado e de alta capacidade destrutiva, desceram dos veículos e efetuaram diversos disparos coordenados, impedindo qualquer reação dele.
O modo ágil e bem planejado da execução, com utilização de veículos roubados e posterior queima dos automóveis, reforça a suspeita de que o crime tenha sido orquestrado pelo PCC.

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