Economia
Ex-diretor financeiro da Ambipar critica CEO por falta de transparência
João Daniel Arruda, ex-diretor financeiro da Ambipar, afirmou em sua carta de renúncia que o atual CEO, Tércio Borlenghi Junior, e outros executivos não compartilhavam com ele detalhes importantes sobre negócios e operações da empresa.
Na carta enviada em 19 de setembro, Arruda expressou dúvidas sobre a saúde financeira da Ambipar, manifestando sua incapacidade de confirmar a solidez do caixa e a liquidez da companhia.
Ele revelou que descobriu transações, incluindo operações com fundos de direito creditório (FIDCs), sem o seu conhecimento, o que chamou a atenção de acionistas, bancos e agências de avaliação de risco.
João mencionou estar sendo surpreendido por questionamentos desses agentes financeiros e afirmou que o CEO e outro executivo criaram uma situação de ocultação de informações para ele.
O ex-diretor relatou confrontos frequentes devido à falta de transparência e disse não ter sido consultado em decisões importantes tomadas pela liderança da empresa.
Embora não pudesse afirmar concretamente o que aconteceu, Arruda destacou que a exclusão do CFO das operações financeiras poderia indicar irregularidades.
Ele também afirmou ter sido surpreendido pelos resultados do segundo trimestre e que, apesar das garantias do CEO de que não havia problemas, ele tomou a decisão de deixar o cargo antes da data do aviso.
Arruda criticou a gestão financeira atual e recusou-se a compactuar com a divulgação de informações incompletas ao mercado.
Ele ressaltou que a postura da administração transmitia uma imagem de menor governança, especialmente em um momento em que a empresa sofria rebaixamentos por agências de classificação de risco.
A Ambipar enfrentava uma crise decorrente de um empréstimo de US$ 35 milhões com o Deutsche Bank, que exigia o pagamento de garantias e poderia antecipar débitos bilionários.
Em resposta, a empresa solicitou uma medida judicial para evitar a execução dessas garantias.
O pedido de recuperação judicial da Ambipar indicava que os contratos com o Deutsche Bank foram estabelecidos por João Arruda, sendo apontados como a origem da crise. A empresa também iniciou uma investigação criminal para apurar possíveis irregularidades praticadas pelo ex-diretor.
Operações com FIDCs questionadas
As operações envolvendo fundos de direitos creditórios têm sido alvo de questionamentos judiciais. A 18ª Vara Cível da Justiça de São Paulo atendeu a um pedido do Bradesco para responsabilizar os executivos da Ambipar pelas operações que levaram à situação atual.
O banco, com crédito de R$ 390 milhões junto à Ambipar, denuncia que a empresa esvaziou o caixa por meio da compra de créditos originados por empresas do grupo, utilizando o fundo Fênix.
Segundo o Bradesco, a empresa classificou esses recursos como caixa em seus resultados financeiros, mas, na realidade, tratavam-se de contas a receber, recursos que dependem do pagamento dos devedores, configurando uma manobra contábil.

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