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Ex-funcionário da TV Câmara processa por R$ 2 milhões após demissão por vídeos no Instagram

O jornalista Jeldean Alves Silveira, de 35 anos, ajuizou ação trabalhista contra a Câmara Municipal de São Paulo e a Fundação Padre Anchieta alegando dispensa discriminatória depois de seu desligamento da TV Câmara em maio deste ano. Ele reivindica indenização próxima a R$ 2 milhões.
Conforme reportado, Jeldean foi demitido após a vereadora Janaína Paschoal (PP) apresentar queixa relacionada a postagens em seu perfil privado no Instagram, onde aparecia vestindo apenas roupas íntimas.
Além da ação judicial, o Ministério Público de São Paulo iniciou um inquérito para investigar o caso.
Jeldean trabalhou por 12 anos na Fundação Padre Anchieta, responsável pela TV Cultura, que mantém contrato com a Câmara para produzir conteúdos institucionais. Ele exercia o cargo de editor-chefe da Rede Câmara.
Na ação, ele também pleiteia diferenças salariais decorrentes de reajustes não aplicados, pagamento de horas extras e abonos adicionais, além de danos morais.
Em entrevista, Jeldean declarou orgulho pelo trabalho na Rede Câmara, mas lamentou a forma como foi tratado ao final. “Eu me dedicava ao máximo e fazia mais do que era pago. Espero que a justiça seja feita e eu possa trabalhar em paz novamente”, afirmou.
Nas redes sociais, o ex-funcionário costuma publicar imagens em trajes mínimos, em gestos considerados sensuais, porém sem nudez explícita. Seu desligamento ocorreu após solicitação oficial da presidência da Câmara, assinada por Ricardo Teixeira, motivada pela denúncia da vereadora Janaína Paschoal.
Em sua defesa, Jeldean afirma usar o Instagram privadamente desde 2021 para promover diversidade e autoaceitação, tendo inclusive feito parcerias com marcas de vestuário.
A Câmara Municipal declarou ainda não estar oficialmente ciente do processo. A vereadora Janaína Paschoal, por sua vez, disse que irá se manifestar apenas quando notificada oficialmente.
Em abril, foi criado o Conselho Editorial da Rede Câmara, presidido por Janaína Paschoal, com o objetivo de orientar a produção de conteúdo. Em reunião, ela alertou os funcionários sobre a necessidade de cautela nas publicações pessoais, mencionando que condutas como striptease em redes sociais são incompatíveis com funcionários de uma TV pública.
A vereadora destacou que tais ações não configuram crime, mas não condizem com a imagem esperada de quem atua em mídia pública, alertando para medidas disciplinares futuras em casos semelhantes.
Jeldean relatou que só tomou conhecimento dos motivos de sua demissão após a menção de Janaína Paschoal na reunião do conselho.
Ele acredita que a discriminação pode ter sido motivada por preconceitos relacionados à sua orientação sexual e seu trabalho promovendo roupas íntimas masculinas.
Segundo Janaína Paschoal, ela não pediu diretamente a demissão, apenas comunicou o ocorrido à Presidência da Câmara, que é quem solicitou formalmente o desligamento à Fundação Padre Anchieta. A Fundação, por sua vez, informou que o desligamento ocorreu durante uma reestruturação administrativa na gestão anterior, em maio, antes da mudança atual da diretoria ocorrida em junho.

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