Economia
Ex-funcionário do iFood investigado por vender dados a concorrente
A Unidade de Polícia Judiciária (UPJ) de Piracicaba, localizada no interior de São Paulo, realizou nesta sexta-feira (24) uma ação de busca e apreensão contra um ex-funcionário do iFood. Este ex-colaborador é suspeito de ter copiado milhares de informações de clientes e dados internos da empresa para seus dispositivos pessoais.
As informações roubadas envolvem mais de 4 mil restaurantes cadastrados na plataforma, conforme revelou uma fonte ao jornal O Globo.
Parte desses dados teria sido repassada para uma empresa concorrente onde o suspeito estaria atualmente empregado, cujo nome não foi divulgado pelas autoridades.
O caso está sob investigação em um inquérito que apura a possível prática de concorrência desleal. Segundo a Polícia Civil, as investigações começaram após o iFood denunciar que, ao deixar a companhia, o ex-funcionário teria levado informações confidenciais e estratégicas.
Durante o cumprimento do mandado judicial, foram confiscados diversos dispositivos eletrônicos, incluindo computadores, celulares e pen drives, os quais serão submetidos a perícia técnica para análise do conteúdo e possível comprovação da transferência indevida de dados.
Além disso, o 32º Distrito Policial da Polícia Civil de São Paulo efetuou, na terça-feira anterior, uma operação de busca e apreensão em uma residência no bairro Vila Carmosina, na Zona Leste da capital paulista. A ação foi autorizada pela Vara Criminal do Foro Regional de Itaquera e teve como alvo um homem de 28 anos investigado por furto mediante abuso de confiança e invasão de sistema informático.
O processo revela que consultorias estrangeiras vêm abordando funcionários do iFood via LinkedIn, oferecendo dinheiro em troca de reuniões para obter informações sobre lucro e estrutura operacional da empresa.
Entre as consultorias citadas que ofereciam valores a funcionários do iFood por informações confidenciais está a China Insights Consultancy (CIC Global), de origem chinesa.
Em um grupo chamado “Rádio Peão ifood”, o funcionário compartilhou áudios sobre o contato feito por uma consultoria, junto com prints dos pagamentos recebidos, totalizando mais de R$ 5 mil, e uma lista de perguntas acompanhada das respostas enviadas. Uma das perguntas abordava a chegada de concorrentes estrangeiros no Brasil, como a 99 e a Meituan.
O suspeito também divulgou prints de mensagens enviadas por uma mulher que alegava ser funcionária da CIC, oferecendo valores em troca de informações sigilosas, incluindo dados sobre vendas por cidade, precificação da taxa de entrega, volume mensal de pedidos no mercado brasileiro de delivery, e detalhes sobre pedidos provenientes de canais próprios dos restaurantes.
As investigações tiveram início a partir de uma denúncia feita ao Canal de Integridade do iFood, segundo o documento oficial.
Em nota, a Meituan afirmou que “não contrata empresas para abordar indivíduos em seu nome para os fins mencionados” e esclareceu que não recebeu nenhuma notificação relacionada ao caso.
A empresa Keeta reforçou seu compromisso com as melhores práticas de mercado e se colocou à disposição para colaborar com as autoridades quando necessário.
O jornal O Globo tentou contato com a China Insights Consultancy (CIC Global), que ainda não respondeu, mas o espaço permanece aberto para manifestações.
O iFood, por sua vez, afirmou em nota que os processos correm em segredo de justiça e que se manifestará apenas nos autos por meio de seu escritório jurídico, Feller Advogados. A empresa repudiou qualquer ato de concorrência desleal, incluindo tentativas de espionagem corporativa, e destacou que continuará empenhada na construção de um ambiente ético e transparente no mercado de delivery, fundamental para o país e seus consumidores.

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