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Ex-presidente do INSS era chamado de “Italiano” em planilha de propina
O ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Alessandro Stefanutto, preso na última quinta-feira (13/11) pela Polícia Federal, era referido como “Italiano” nas planilhas de propina da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais (Conafer), uma das organizações implicadas em um esquema fraudulento de descontos indevidos contra aposentados, conforme investigação do Metrópoles.
Segundo a Polícia Federal, Stefanutto recebia mensalmente R$ 250 mil em suborno, pagos pela Conafer através de empresas e até uma pizzaria.
As planilhas continham apelidos para vários funcionários públicos envolvidos. O ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, era identificado como “Herói A”. O ex-procurador-geral do INSS, Virgílio de Oliveira Filho, era chamado de “Herói V”. Já Stefanutto era conhecido como “Italiano”. Todos foram detidos na operação policial.
A Conafer realizou descontos no total de R$ 688 milhões, dos quais mais de 90% foram desviados para empresas de fachada, parte dessas usadas para repassar propina a servidores públicos, garantindo os acordos que permitiam cobranças diretas dos contracheques dos aposentados.
De acordo com a Polícia Federal, em troca da influência, Stefanutto recebia pagamentos recorrentes de empresas ligadas à operadora financeira Cícero Marcelino de Souza Santos, sob disfarce de honorários por consultoria e assessoria técnica. Entre as empresas envolvidas estão Stelo Advogados e Associados, Delicia Italiana Pizzas e Moinhos Imobiliária.
O valor pago a Stefanutto subiu para R$ 250 mil mensais após ele assumir a presidência do INSS, refletindo a dimensão da fraude implementada pela Conafer.
A maioria dos pagamentos ocorreu entre junho de 2023 e setembro de 2024, com exceção de um pagamento feito em outubro de 2022.
O ex-presidente do INSS já havia sido afastado judicialmente na primeira fase da Operação Sem Desconto, que investigou a farra dos descontos ilegais nos benefícios dos aposentados.
Ele é acusado de negligência por permitir que as entidades continuassem a descontar dos aposentados e de autorizar atos que possibilitaram o cadastro de novos associados usando biometria própria.
Um ano após a revelação do esquema, as entidades continuaram a efetuar descontos superiores a R$ 2 bilhões, sendo que somente uma entidade teve seu acordo cancelado durante a gestão de Stefanutto.
A Polícia Federal estima que as fraudes possam totalizar R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2025. Até o momento, o governo devolveu cerca de R$ 2,5 bilhões a 3,7 milhões de aposentados que foram prejudicados pelos descontos ilegais.

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