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Ex-presidente Uribe condenado espera definição da pena na Colômbia

Álvaro Uribe, ex-presidente da Colômbia, que foi declarado culpado por suborno e manipulação de testemunhas, aguarda o resultado da sentença marcada para esta sexta-feira (1º). Ele descreve o processo como politicamente motivado e acusa o atual presidente, Gustavo Petro, de perseguição.
Na última segunda-feira, Uribe foi julgado responsável por interferir na justiça e influenciar grupos paramilitares para evitar seu envolvimento em crimes cometidos por essas organizações durante o conflito interno do país.
Fontes indicam que a pena prevista será de 12 anos de prisão domiciliar, o que faria dele o primeiro ex-presidente colombiano a ser privado de liberdade.
Além disso, ele ficará proibido de ocupar cargos públicos por um período superior a oito anos, conforme informações de documentos vazados e confirmados por fontes próximas ao caso.
A juíza responsável pela sentença anunciará a decisão oficial às 16h, horário de Brasília. A defesa de Uribe já informou que irá recorrer da condenação, o que pode resultar em sua liberdade provisória até que o recurso seja julgado.
Com 73 anos, o líder político se apoia na companhia dos familiares e na oração para enfrentar este momento.
Em meio à disputa política, Uribe e Petro estão em constante conflito. A defesa do ex-presidente denunciou o atual líder por acusações consideradas caluniosas em uma comissão parlamentar destinada a investigar presidentes.
Especialistas jurídicos apontam que o presidente tem feito alegações sem provas, acusando Uribe de crimes como tráfico de drogas.
Caso a defesa recorra, o julgamento será revisto pelo Tribunal Superior de Bogotá, que tem até meados de outubro para confirmar ou anular a decisão. Caso ultrapasse este prazo, o processo pode ser encerrado.
Uribe declarou via rede social que está focado em preparar sua argumentação para a apelação.
O processo se originou em 2012, quando Uribe processou o senador de oposição Iván Cepeda, alegando difamação relacionada a testemunhos de paramilitares.
Em 2018, as investigações se voltaram contra o ex-presidente por supostamente manipular testemunhas. Em 2020, renunciou ao seu cargo de senador para perder o foro privilegiado, transferindo o caso para a justiça comum.
No decorrer de 2024, o processo culminou na sentença que aponta sua interferência nas versões apresentadas pelas testemunhas.
Este julgamento interfere nas eleições presidenciais de 2026, com o partido Centro Democrático tentando recuperar o poder.
Para especialistas, a condenação pode reforçar o suporte à ideologia de Uribe entre seus seguidores, mas também pode ser um obstáculo para a renovação do discurso político na direita.
Para o lado oposto, a situação abre espaço para a maior visibilidade política do senador Iván Cepeda, que vem cogitando sua candidatura presidencial.
Uribe considera o processo uma retaliação da esquerda e das Farc, grupo guerrilheiro que enfrentou com rigor durante sua presidência.
Ele participou remotamente da audiência que resultou em sua condenação e provavelmente ficará ausente na audiência de sentença em Bogotá.

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