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Falta de centros de triagem no DF faz aterro sanitário operar abaixo da capacidade
Separação de lixo no DF é pequena; estrutura inaugurada há três meses trabalha com um terço do potencial. Escola que havia no local ainda não foi reinaugurada.
Inaugurado há três meses, o Aterro Sanitário de Samambaia teria capacidade para receber todo o lixo não reciclável produzido no Distrito Federal. Apesar disso, a falta de centros de triagem para separar o material reaproveitável do chamado “rejeito” impede que o local funcione com 100% da capacidade.
Até esta terça (18), apenas dois centros de triagem estavam em funcionamento no DF. O número é insuficiente para processar as cerca de 2,7 mil toneladas de lixo doméstico produzidas diariamente. Ainda vão para o lixão da Estrutural,1.800 toneladas de rejeitos todos os dias, sem nenhum tipo de triagem.
Responsável pela fiscalização do aterro sanitário, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) calcula que o local receba cerca de um terço do lixo produzido no Distrito Federal, equivalente a 900 toneladas diárias, vindas de três unidades de transbordo – locais onde também acontece uma primeira separação do lixo.
Para que o aterro funcione em sua totalidade seriam necessários mais espaços para a triagem do lixo. Isso porque, de acordo com a gerente do aterro, Francisca Dutra “a Política Nacional de Resíduos orienta que o aterro é local de disposição final, que é feita após esgotadas todas as possibilidades de tratamento do resíduo. Se fosse encaminhado para o aterro tudo que Brasilia produz, não seria feito o tratamento do resíduo.”
Atualmente a grande dificuldade é fazer a separação correta do lixo recolhido. Como são poucos centros de triagem em funcionamento, e de acordo com o próprio SLU, em condições precárias, o processo de triagem acontece também em duas usinas de tratamento (localizadas em Ceilândia e na Asa Sul). Além das três unidades de transbordo (localizadas em Brazlândia, Sobradinho e Gama) – local onde é feita a transferência do lixo recolhido pelos caminhões compactadores para as carretas.
Francisca disse que o SLU tem conhecimento que o processo de separação do lixo é incipiente e muitas unidades de transborto estão precarizadas, mas garantiu que tudo que é levado para o aterro passou por seleção.
“A qualidade do rejeito poderia ser melhor se tivéssemos estruturas condizentes. Hoje as unidades do SLU não têm estrutura física disponível para fazer um processo eficiente de separação.”
A falta de locais para triagem também não permite que o lixão da Estrutural seja desativado e enquanto isso, o aterro que custou R$ 44 milhões aos cofres públicos, segue funcionando parcialmente. Para Francisca a solução é criar mais centrais de triagem, que abriguem os catadores que hoje trabalham no lixão e que estes possam fazer a destinação correta dos resíduos.
Segundo o GDF, para dar condições dignas aos catadores, serão construídos mais 5 centros de triagem e outros dois serão reformados. O SLU calcula que sete centros serão suficientes para a demanda do DF. Três dos galpões prometidos estão ainda em fase de licitação. Outros três serão entregues pela Secretaria do Meio Ambiente, mas ainda não há data prevista.
De acordo com o governador Rodrigo Rollemberg, quatro centros de triagem serão inaugurados em outubro e o restante em 2018.
O aterro
A estrutura do Aterro de Samambaia foi pensada para substituir o lixão da Estrutural, considerado o maior da América Latina pela ONU. No aterro, além do lixo já ter passado por um processo de triagem, todas as carretas passam por pesagem e o lixo é coberto.
Um trator trabalha 24h por dia fazendo compactação do material, que depois de atingir certa altura é coberto com uma camada de 50 cm de solo. A cobertura é feita diariamente para evitar proliferação de mosquitos e roedores.
Também são levados para o aterro animais mortos, resíduos da Caesb e caixas de gordura.
Vidro
A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) apresentou uma proposta de lei para o Distrito Federal que prevê a proibição do comércio de cerveja e refrigerante em garrafas de vidro que não sejam retornáveis.
Segundo a presidente do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Kátia Campos, a medida é uma necessidade ambiental e econômica urgente, já que não há empresas de reciclagem do material no Distrito Federal.
Por conta dessa falta de empresas habilitadas para fazer reciclagem de vidro em Brasília, o Aterro Sanitário de Samambaia também recebe o material.
“O vidro em Brasília infelizmente não é considerado reciclável, por que não tem viabilidade econômica e financeira de passar por reciclagem. Então ele entra como rejeito, mas em São Paulo, onde tem empresa que faça a reciclagem, é considerado resíduo reciclável. O processo para mandar o vidro de Brasília para São Paulo fica muito oneroso” disse a gerente do aterro, Francisca Dutra.
Escola Guariroba
Desde o início das obras do aterro sanitário, um ponto questionado pelos moradores de Samambaia foi a remoção da escola da Guariroba, que ficava no local onde foi construído o aterro. De acordo com o assistente social Paulo Giquiri, o local onde a escola está funcionando temporariamente fica longe. O líder comunitário, Domício do Carmo, disse que falta iluminação e reclama da demora de entrega da nova escola.
Segundo a Secretaria de Educação, a obra da Escola Guariroba está em fase final de acabamento e limpeza geral. A unidade irá atender cerca de 500 estudantes, do 1º ano da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental.
A secretaria informou ainda que, enquanto a unidade escolar está em obras, os estudantes estão sendo atendidos na antiga sede da Administração de Samambaia, em um espaço reformado e adaptado para receber os estudantes.
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